em Meio Ambiente, Recursos Hídricos

Foto de capa: divulgação/Estaleiro Atlântico sul, disponível em https://www.revistafatorbrasil.com.br/ver_noticia.php?not=101668

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Lembro-me do dia em que li uma carta de um abaixo assinado, que protestava dos navios petroleiros que roubavam a água do rio Amazonas. Não tenho mais o texto original, mas em uma pesquisa na internet consegui encontrar os assuntos abordados no mesmo.

Foto: Chico Terra

“Depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. Uma nova modalidade de saque aos recursos naturais denominada hidropirataria. Cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais. Porém a falta de uma denúncia formal tem impedido a Agência Nacional de Águas (ANA), responsável por esse tipo de fiscalização, de atuar no caso. “

“Os cálculos preliminares mostram que cada navio tem se abastecido com 250 milhões de litros. A ingerência estrangeira nos recursos naturais da região amazônica tem aumentado significativamente nos últimos anos. Seja por ação de empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou pelas missões religiosas internacionais. Mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) ainda não foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.”

“Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus.”

A primeira vista o texto assustou os alunos, não sei se apenas pelo fato dos navios estarem infringindo a lei ao roubarem as águas brasileiras, mas também por provocar o questionamento do verdadeiro motivo pelo o qual os navios estavam captando as águas do Amazonas e levando para tão longe.

É fato que o Oriente médio já sofre com a escassez de água doce e que gasta milhões com a dessalinização. Mas é incrível acreditar que o transporte de água por muitos quilômetros de distância seja uma solução vantajosa.

Uma justificativa plausível para essa situação, é que o navio para garantir a segurança na viagem precisa encher alguns dos seus compartimentos com água de lastro. Então, possivelmente alguns navios que vêm para o Brasil trazendo petróleo, depois de descarregarem nos portos, captam a água do rio Amazonas para servir como água de lastro.

Foto: Marcelo ‘MO’ Lopes – 25/10/2011

As reportagens dizem que, por mês, cerca de 15 navios, os quais aportam no porto de Manaus, enchem seus tanques com água do Amazonas. Como a vazão deste rio é em média de 200.000 m³/s, chegando a 300.000 m³/s na época de cheias, encher esses 15 navios não traria grandes impactos.

Especialistas acreditam que no próximo século, se o crescimento do planeta continuar o mesmo, devemos entrar numa crise de escassez de água. A Amazônia é a maior bacia hidrográfica do mundo e por isso, provavelmente, se tornará um local estratégico, foco para a cobiça de muitos. Portanto, precisamos desde já nos atentar sobre esse assunto, regularizando e fiscalizando esse tipo comércio.

O mais assustador, na minha opinião, é que, teoricamente, esses os navios levam água doce para muito longe e nós não conseguimos resolver o problema da seca no Nordeste. Mas isso será assunto para um próximo post.

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