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Essa semana teve início a XXXVI Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural, a qual, de acordo com apresentação em sua página eletrônica, “tem como objetivo proporcionar um espaço para exposição e discussão dos trabalhos de iniciação científica, artística e cultural estabelecendo, desta forma, um produtivo intercâmbio entre alunos de graduação, pós-graduação, docentes e pesquisadores envolvidos em atividades de pesquisa na UFRJ“.

Anualmente, pesquisadores do Laboratório de Hidráulica Computacional (LHC) da COPPE/UFRJ apresentam trabalhos no campo da hidrologia urbana, principalmente com pesquisas que tratam do tema “inundações urbanas”, orientados pelo Professor Marcelo G. Miguez. No ano passado escrevemos dois textos sobre alguns desses trabalhos:

Pavimentos Permeáveis: Solução para as enchentes urbanas? – Autores: Evandro Bustamante, Julio Cezar, Lucas Romualdo e Diego Melo

Proposta para o índice preliminar de ocorrência de Enxurradas – Autora: Anna Beatriz Franco

Esse ano não poderia ser diferente e cinco trabalhos serão apresentados na Jornada. Hoje pela manhã pude acompanhar duas excelentes apresentações e uma delas foi o trabalho desenvolvido pelo pesquisador Laurent Feu Grancer Silva Oliveira, intitulado “Utilização de Parques Fluviais para o Manejo Sustentável de Águas Pluviais e Planejamento do Espaço Urbano na Bacia do Rio Joana/RJ“. Nas palavras do próprio autor, o objetivo da pesquisa foi:

…analisar a eficácia hidráulica dos projetos de espaços de lazer como meio de amortecimento das águas das chuvas na região do entorno do Rio Joana e assim minimizar o extravasamento do canal na região do Maracanã e consequentemente o escoamento superficial que atinge a Praça da Bandeira.

Para desenvolvimento da pesquisa, foi selecionada a bacia do Rio Joana, localizada na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, dentro da bacia do Canal do Mangue, onde fica a Praça da Bandeira, ícone dos problemas de inundação enfrentados pelos cariocas. Diversos textos sobre essa bacia já foram publicados aqui (A Praça da Bandeira e a Copa do MundoA Praça da BandeiraFugindo dos Alagamentos – Tijuca/Praça da Bandeira; Os piscinões da TijucaSummer is coming… Part II; O desvio do Rio Joana).

Localização da área de estudo, na bacia do rio Joana (Fonte: Apresentação de Laurent Feu para a JIC-2014/UFRJ)

A pesquisa avaliou propostas de revitalização urbana de praças da bacia para implantação de áreas de lazer, com múltiplos usos, incluindo o uso para retenção e detenção dos escoamentos pluviais. Tais projetos foram desenvolvidos por alunos do curso de Mestrado Profissional em Paisagismo da FAU/UFRJ. Coube ao LHC testar o funcionamento hidráulico desses projetos, indicando possíveis melhorias e adaptações. A imagem abaixo apresenta os locais de intervenção que receberam tratamento para possibilitar um melhor controle das águas pluviais, aumentando a possibilidade de infiltração, por meio de aumento de áreas verdes, e de detenção, por meio da disponibilidade de áreas para armazenagem das águas pluviais.

Localização das áreas de intervenção para implantação de paisagens multifuncionais, na bacia do rio Joana (Fonte: Apresentação de Laurent Feu para a JIC-2014/UFRJ)

A concepção dessas áreas de lazer que contemplam o uso para controle de inundações reside no conceito de “paisagens multifuncionais” (Se quiser saber mais sobre esse tema, leia esse texto aqui!!).

Os resultados parciais da pesquisa mostraram números interessantes para o manejo das águas pluviais. A consideração de mais áreas verdes distribuídas pelos parques propostos foi capaz de reduzir em mais de 20% o volume de água escoado pelo Rio Joana, no trecho imediatamente a jusante da área de estudo, e a implementação de um parque urbano dotado de um reservatório adaptado para funcionar como área de lazer durante os períodos sem chuva, foi capaz de reduzir o pico da cheia no Rio Joana em 5%.

Hidrogramas no Rio Joana a jusante da área de estudo, resultantesde uma chuva com 25 anos de tempo de recorrência (Fonte: Apresentação de Laurent Feu para a JIC-2014/UFRJ)

A redução do pico de cheia pode parecer insignificante em um primeiro momento, mas deve-se ser considerado que o parque proposto possui uma área pequena em relação à área total da bacia do Rio Joana e diversos outros parques com a mesma lógica de implementação poderiam ser distribuídos na bacia e integrados ao desenho urbano da cidade, oferecendo opções de lazer à população e contribuindo para a redução do risco de inundações nas áreas de jusante, como a famosa Praça da Bandeira!

Gostaríamos de parabenizar o pesquisador Laurent Feu Grancer Silva Oliveira e agradecer pela disponibilidade do material de sua pesquisa.

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