Com a volta das chuvas a região sudeste, as manchetes sobre crise hídrica despareceram dos noticiários nacionais. Atualmente os principais sistemas que abastecem a região sudeste, o sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo, e o Sistema Paraíba do Sul, que abastece a região metropolitana do Rio de Janeiro, estão com o volume dos seus reservatórios equivalentes (soma de todos os reservatórios do sistema) em torno de 42% e 47%, respectivamente. Considerando que na região sudeste está se iniciando o período chuvoso, esses reservatórios estão em uma situação de razoável conforto hídrico. Infelizmente a situação é oposta na região nordeste que enfrente o maior período de seca em décadas: 5 anos com chuvas abaixo da média.
Segundo a ANA: o volume do reservatório equivalente da Região Nordeste, considerando os empreendimentos com capacidade maior ou igual a 10 hectômetros, ou seja, que podem armazenar pelo menos dez bilhões de litros, era de 18,5% no início de outubro deste ano – no mesmo período de 2012 esse número chegava a 51,7% e, em 2015, alcançou a marca de 21,8%. Dos 533 reservatórios que a ANA monitora na região, 116 estão secos (em setembro eram 123 reservatórios secos no Nordeste). A presença do fenômeno El Niño já indicava um 2016 também seco no Nordeste, o que vem sendo confirmado.
* Considerando reservatórios com capacidade acima de 10hm³ ** Valores sujeitos a posterior consolidação *** A partir de fevereiro/2014 considera-se novo volume para os reservatórios Curema e Mãe D’Água, na Paraíba, devido a batimetria realizada pela ANA. Fonte: ANA
Na página de Monitoramento de Secas no Nordeste do Brasil, criada pela ANA, podemos observar a evolução da seca no interior do nordeste entre o inicio do ano e setembro. Em janeiro, parte do litoral estava livre da seca. Atualmente, não existem áreas livres de seca em toda a região nordestina.
Atualmente, cerca de 79 cidades estão em colapso hídrico, com cerca de 512 mil habitantes sem água e a perspectiva é de que em fevereiro de 2017 esse número possa chegar a 220 cidades em colapso hídrico, atingindo uma população superior à 3,25 milhões de habitantes. Esse cenário pode ser atenuado com o final das obras de transposição do São Francisco em abril/maio de 2017. Porém, apenas o eixo Leste, que atende a parte mais ocidental de Pernambuco e da Paraíba, terminarão nesse prazo. Já as obras do eixo norte, que atende a parte mais interior de Pernambuco, da Paraíba e o sul do Ceará, devem atrasar mais de 6 meses. Nesses casos deverão ser adotadas medidas extremas, como adutoras provisórias e caminhões pipas.
