Nos últimos dias notícias sobre as chuvas e inundações que atingem Lima e o norte do Peru se tornaram frequentes nos noticiários internacionais. Os números mais recentes estimam 75 pessoas mortas, 20 desaparecidas, cerca de 72 mil desalojados e mais de 500 mil afetados desde janeiro, enquanto a população também enfrenta um racionamento de água. A situação é tão grave que o pais estuda cancelar ou adiar os jogos Pan-americanos que devem ocorrer no Peru em 2019. Um dos agravantes é que na capital Lima e em boa parte da costa do Peru não costuma chover.
Moradores tentam construir barreira para segurar a força da água em Trujillo, a 570 km ao norte de Lima, em 18 de março de 2017. FONTE: https://br.noticias.yahoo.com/peru-tenta-se-recuperar-inunda%C3%A7%C3%B5es-escassez-%C3%A1gua-pot%C3%A1vel-232953775.html
A capital do Peru, Lima, é peculiar no que diz respeito a chuvas. A cidade a beira mar tem elevados níveis de umidade e baixa precipitação, na região do aeroporto a média anual é 7 milímetros, o valor mais baixo em uma área metropolitana do mundo. Para se ter uma ideia a precipitação media da cidade do Rio de Janeiro em julho, mês que menos chove na capital fluminense, é de 41,9mm. Ou seja no mês mais seco chove no Rio em média cerca de 6x o que chove ao longo de todo o ano em Lima.
Costa do Pacifico no bairro de Miraflores, Lima.
Isso ocorre por uma soma de Fatores. Os ventos alísios, que sopram do Leste para o Oeste, ou seja, do Brasil para o Peru, quando atravessam a cordilheira dos Andes são forçados a subir e, na tentativa de ultrapassar a cordilheira, eles se resfriam, fazendo com que a umidade que carregam se condense e se precipite em forma de chuva e neve. Assim essa umidade não chega ao outro lado da cordilheira onde está localizada a cidade de Lima. Ao mesmo as águas frias do pacifico na costa peruana mantem a evaporação baixa contribuindo para manter seca a região costeira do Peru.
Às vezes, contudo, ocorre uma mudança. A cada poucos anos, a fria corrente do Peru cede lugar para águas mais quentes que se locomovem do Pacífico ocidental. Esse fenômeno, chamado de El Niño costeiro, é sinal de que as chuvas vão começar. Houve intensos El Niños costeiros nos anos de 1925, 1983, 1997/98 e agora em 2017.
Uma consequência urbanística interessante da falta de chuvas é que não existem sarjetas, bocas-de-lobo e bueiros nas ruas da capital peruana, a cidade não é preparada para chuvas. Portanto é compreensível que os habitantes dessa região do Peru não estejam preparados para tempestades e inundações.
