In Meio Ambiente, Políticas públicas, Recursos Hídricos

Nesse mês de abril de 2015, haverá a estréia da quinta temporada da série Game of Thrones e muita gente já está se preparando para acompanhar, especulando o rumo da história de cada personagem da trama. Com o inverno cada vez mais próximo, o clima não fica somente mais frio, mas muito mais tenso. Analogamente, aqui na região sudeste, o inverno se aproxima e, com ele, não vem um frio extremo e mortos vivos, mas o aterrorizante período de estiagem do regime de chuvas.

Estamos bem preparados para enfrentar esse inverno?

Algumas chuvas no fim do verão elevaram os reservatórios de abastecimento de água aqui no sudeste. Lá no sistema Cantareira, em sampa, onde a situação tá muito feia, o sistema equivalente, soma de todos os reservatórios, alcançou hoje 19% de sua capacidade máxima. Na página da Sabesp não está muito claro se esse valor ainda incorpora o volume morto, explorado desde maio de 2014.

Quando voltamos para abril de 2014, antes da Sabesp colocar o canudo no volume morto, o reservatório apresentava 12,62% do volume total. Porém, o volume morto representa cerca de 16% do volume total do sistema equivalente (982,07 bilhões de litros do volume útil + 182,5 bilhões de reserva técnica). Assim, considerando apenas o volume útil, o sistema apresenta hoje cerca de 4% de sua capacidade, muito longe, mas muito longe mesmo, de uma situação confortável, como venho sentindo nas notícias de jornal, onde dizem que o Cantareira está se recuperando.

Só para enquadrar a situação atual, dá uma olhada nos volumes encontrados no sistema equivalente no mês de abril de cada ano, antes de entrar na época de estiagem, e em setembro, antes das chuvas, desde 2004.

Informações disponíveis na página da Sabesp

Observando o gráfico, fica possível perceber o padrão de comportamento do reservatório, com um consumo de seu volume ao longo dos meses de estiagem. Apenas em dois anos, o volume foi maior no final. Para entender melhor o quadro crítico da situação, vamos ver como varia a chuva ao longo do ano, na bacia do Sistema Cantareira.

Bem, eu acho que já deu pra entender que é urgente a necessidade de ações enérgicas para a redução do consumo e que esse papo de não haver escassez, nem necessidade de racionamento, apenas piora nossas chances de passar por esse próximo inverno com menos traumas. E eu nem considerei aqui aquele papo de coeficiente de deflúvio, exposto no texto Sistema Cantareira: já passou da hora de fechar a torneira!, no dia 28 de janeiro de 2015.

Agora, já imaginou se não chover de novo no verão 2015/2016?

Abraços

 

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