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Muitas pessoas se perguntam por que, ano após ano, sofremos tantos problemas com os alagamentos. E a pergunta que vem é:

Até quando teremos que conviver com as inundações?

Nesse ano, assistimos mais uma vez o poder das águas atingindo o estado de Santa Catarina, o que afetou cerca de 1 milhão de pessoas. Nem mesmo o local onde acontece o Oktoberfest escapou, ficando 1,5 metro debaixo d’água!

Local onde acontece o Oktoberfest. Foto de Jaime Batista da Silva

Só esse ano, além desse caso no sul do país, já ocorreram diversos episódios de grandes inundações. Uma grande tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, enchentes na capital e no interior do estado de São Paulo, grandes chuvas no nordeste, que deixaram 15 municípios da região em estado de emergência, entre outras. Isso fazendo uma pesquisa rápida no Google!

E não é só o Brasil que convive com esse problema. No início do ano a Austrália enfrentou uma grande inundação, atingindo fortemente 23 cidades, o que corresponde a uma área maior que a França e a Alemanha juntas! Em maio, o mais famoso rio dos Estados Unidos, o rio Mississipi, teve uma cheia histórica e inundou várias cidades em mais de 4 estados.

Agora, voltando ao início desse post para responder à pergunta “Até quando…”:

Resposta: Para sempre!

Isso mesmo, enchentes sempre existirão. As cheias são processos naturais que ocorrem com certa frequência e basta que uma delas atinja uma área ocupada para que tenhamos uma inundação.

Na verdade, não existe uma grande solução para controlar as inundações. O que fazemos, nos projetos de drenagem, é tentar diminuir os riscos associados aos eventos de cheia. Diminuir significa reduzir, não erradicar… ou seja, sempre haverá um risco de acontecer um evento capaz de vencer nossas proteções, além de existir, ainda, o risco de falha das nossas estruturas! Essas duas possibilidades compõem o que é chamado de risco residual, que quase sempre é desprezado e por isso se torna muito perigoso (basta lembrar o caso do Nova Orleans, quando o furacão Katrina destruiu os diques que protegiam a cidade de alagamentos).

O que nos falta fazer, e muito, é pensar em como deveremos agir quando isso acontecer e como nos preparar antes.

No último post terminamos com uma referência às medidas não estruturais para controle de inundações. Mas afinal, o que são medidas não estruturais?

As medidas não estruturais visam criar uma convivência harmônica com o ciclo hidrológico, preservando as funções ambientais dos sistemas hídricos e, assim, possibilitar a existência de um ambiente urbano mais saudável.

Existem diversas medidas e algumas que podemos destacar em importância são:

Preservação da cobertura vegetal

Esse é o primeiro passo para diminuir os problemas das enchentes. Manter a cobertura vegetal significa preservar os processos de infiltração da água de chuva no solo, de evapotranspiração e de interceptação, que é a parte da água que fica “presa” nas folhas, galhos e caules. Isso faz com que uma menor quantidade de água escoe superficialmente para o sistema de drenagem. Florestas podem absorver até 80% da água precipitada.

 

O controle do uso e ocupação do solo

Um dos mais importantes instrumentos de combate às inundações, o controle do uso do solo permite a redução dos impactos da urbanização no sistema hídrico, formalizando índices máximos de impermeabilização e diretrizes de ocupação de acordo com esses impactos.

Zoneamento das áreas inundáveis

Funciona como uma ferramenta para o controle do uso do solo, demarcando as áreas com maiores e menores riscos de enchentes. A partir dessa demarcação, são criadas as diretrizes de ocupação, as restrições e as medidas a serem adotadas, de acordo com cada risco associado.

zoneamento

Sistema de Previsão e Alerta

Esse sistema deve ser subdividido em 3 grupos ou fases: PrevençãoAlerta e Mitigação. No primeiro, são feitas as atividades de planejamento para minimizar as causas da inundação, assim como são feitos o treinamento das equipes de emergência, a divulgação das informações para a população, como o mapa de alerta de áreas de risco, e a definição das áreas de recebimento dos desalojados. No segundo grupo é feito o acompanhamento do evento, com medições em tempo real e divulgação dos alertas. Finalmente, quando acontece o evento, vem a fase de mitigação das consequências, quando são realizadas as ações para mitigar os danos e prejuízos da população após a inundação ocorrer.

Infelizmente, no Brasil, ainda estamos na fase de direcionar todos os recursos para a etapa de mitigação, com algum investimento isolado em sistemas de alerta, como é o caso de Nova Friburgo e Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, operados pelo INEA (http://inea.infoper.net/inea/).

O que se faz mesmo é, após os eventos de chuva, “liberar não sei quantos milhões” de reais para a cidade “tal” que foi atingida por um fenômeno natural sem previsão e não esperado! Balela! Os fenômenos são previstos (alguns tipos com maior e outros com menor precisão) e esperados, basta termos organização e consciência que eles acontecerão, para quando vierem, estarmos preparados.

Existem ainda muitas outras medidas não estruturais, mas seria muita informação. Sentiu falta de alguma medida importante que poderíamos citar aqui? Conte pra gente… comente o que você acha mais importante…

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