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Em julho de 2011, há quase três anos, publicamos um texto sobre “Paisagens Multifuncionais“, quando escrevemos:

A utilização de paisagens multifuncionais para o controle de inundações garante o uso racional do solo urbano, propicia uma valorização imobiliária para o seu entorno, aumenta a qualidade de vida na cidade e cria um ambiente mais saudável. Atingindo os três pontos fundamentais da sustentabilidade: econômico, social e ambiental.

Neste texto, citamos como um bom exemplo de paisagem multifuncional, as “praças inundáveis”, que são projetos urbanísticos dotados de dispositivos de armazenagem de água da chuva, para amortecimento das vazões superficiais. Assim, uma praça poderia ser construída com uma quadra de esportes mais baixa, que pudesse armazenar água durante grandes temporais, aliviando a rede drenagem.

Projeto de praça “alagável” para a cidade de Rotterdam, Holanda (Fonte: www.urbanisten.nl/)

O importante desses dispositivos é que o projeto seja multidisciplinar e possua efetiva participação social, para haver, além da melhor aceitação pela comunidade, uma identificação das pessoas com o projeto, que fará parte do cotidiano dos moradores e visitantes. A participação social deve ser garantida desde a fase da concepção, para que o novo espaço urbano atenda às demandas culturais locais e atinja às expectativas de todos os futuros usuários desse espaço.

Eu voltei nesse assunto agora porque a pesquisadora Isadora Tebaldi, que estuda a implantação dessas paisagens multifuncionais conosco no Laboratório de Hidráulica Computacional da COPPE/UFRJ, me mostrou um vídeo irado sobre um projeto para a cidade de Rotterdam, na Holanda, o qual busca tornar a cidade, até o ano de 2025, mais preparada para possíveis mudanças climáticas.

Fonte: www.rinnovabili.it

A única ressalva que faria, depois que li mais sobre o projeto, é sobre a indicação da possibilidade de uso das áreas “alagáveis” para recreação durante eventos de chuva menos intensos, quando são apresentadas maravilhosas ilustrações com crianças brincando dentro d’água. O problema disso é, que mesmo na Holanda, a água de chuva é poluída e não deve ser permitido o contato direto com a população, pois a chuva “lava” as superfícies urbanas, carreando inúmeros contaminantes. Falamos sobre isso nos textos “Depois da chuva…“, “Água Pluvial: o chuveiro das cidades! Como melhorar sua qualidade?” e “Praia lotada pode não ser sinônimo de água com boa qualidade“. Na descrição do projeto, é especificada uma espécie de pré-tratamento das águas de chuva, escondido no sub-solo, chamada de “water chamber“.

Fonte: Rinnovabili.it

Tal solução deverá ser avaliada no caso brasileiro, onde costuma chover canivete (chove muito mesmo)! Mas quem não acha que seria muito mais interessante alguma intervenção dessa natureza no lugar dos gigantescos “piscinões”, com dezenas de metros enterrados, que nossos governos adotaram como a grande solução de todos nossos problemas com chuvas?

Então, assistam ao vídeo aí, é muito bom:

Abraços!!

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