Foto de capa: Rodrigo Siqueira, disponível em https://www.flickr.com/photos/rodrigo_siqueira/2429398943
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Observando a fotografia abaixo, tirada em Duque de Caxias, vemos uma cena que se repete ao longo de quase todas as periferias do Brasil. Nela, podemos observar algo muito comum em nossas cidades: elas crescem sem levar em consideração os rios e córregos.
O “rio” em questão é conhecido como “Valão Centenário” e, como quase todos os rios da baixada fluminense, tem suas margens confinadas pelos muros e paredes das casas. O fato de a cidade ter crescido “de costas” para o rio, além de aumentar os riscos de inundações, já que o rio perde grande parte do espaço que usa para escoar uma cheia maior, transforma esse rio em um verdadeiro lixão a céu aberto. Quase todo o esgoto e lixo das residências são lançados nesse canal.
Para evitar esse tipo de problema, é extremamente importante pensar um traçado das cidades em conjunto com os corpos hídricos existentes. Essa ideia, apesar de estar em destaque hoje, não é novidade. Quando traçou a planta urbanística de Petrópolis, na primeira metade do século XIX, o engenheiro alemão (naturalizado brasileiro) Júlio Frederico Koeler, queria evitar que os rios da cidade se tornassem local de lançamento do lixo. Pensando nisso, desenhou o traçado das principais ruas da cidade de maneira que seguissem o traçado dos rios.
Hoje em dia, mais do que simplesmente respeitar o traçado dos rios, deve-se pensar na integração do rio com a vida da cidade. Um projeto interessante é o do rio Cheonggyecheon, localizado na Coréia do Sul. Antes confinado e projetado em separado da cidade, marcava uma forte divisão entre dois lados, interrompendo a continuidade urbana. Após o projeto de restauração urbana, o rio foi completamente transformado para se tornar parte integrante da cidade, possibilitando novos usos, como recreação, lazer e paisagismo, além de tornar mais contínua a cidade.
Além de muito mais bonito o rio passou a ter uma calha secundária para comportar as cheias maiores, o que diminuiu o risco de inundações…
Esse projeto ilustra uma boa tentativa de devolver o rio para a cidade, integrando o projeto hidráulico ao projeto urbanístico. Porém, já existem discussões que vão além desse objetivo, que buscam ações a fim de recuperar as características funcionais do sistema fluvial, as mais próximas possíveis (ou seja, quando existe espaço físico para isso, que não é o caso de Seul, do Rio ou de Nova York) do seu estado natural. Esse é o caso da “Requalificação Fluvial”, que falamos em um post anterior! Quem não viu ou quem quer relembrar, clique aqui.
Os rios valem muito, não podemos relegar a eles o simples papel de condutor de nossos esgotos e lixos…
Exemplos bonitos e realidade vergonhosa. Rios são a água que bebemos, deveriam ser venerados!
Assim a flora e o ar: são o M.A.
Sorte que tivemos um alemão por ai
Se políticos brasileiros fossem competentes para administrar e não gerir alguns poucos interesses de grupos em pedágios,multas,lixo…, teríamos esgotos sendo coletados e tratados; povo com educação real e saudável; e o dinheiro de impostos, juros, taxas,investimentos, incentivos… também adquadamente investidos e bem usados(não essa deslavada corrupção latente que já parece ser obrigatória e mormal de ser aceita, ora em paraisos fiscais, ora na cueca, na garagem,…), mas com obras bem orçadas e cumpridas sem desvios, dai teríamos canais de tamanduatei ou calha do tiete, canal do piçarrão em cps,… terminados, urbanizados e funcionando a contento.
Coréia tem povo que briga, que já guerreou e sabe como deve ser, os europeus idem, mas nós esse gigante adormecido até no hino, faz esse lixo e podridão existir!
A navegação do tiete é uma realidade, mas poderia ser mais explorado e incentivado, como até virar polo turistico hoteleiro
Agora deixar lixo e’favelas’ invadirem baixadas de córregos ou rios é incompetência, desmando, omissão, e desumanização para um país tão rico como o nosso e tão manipulado lá no ‘exteriormente’- caso do Nióbio, Lula e a rainha da Inglaterra, essa que não engulirei nunca, ou da Light
Que esperar de brasileiro ‘morto’ na televisão,pan,copa,olimpiadas, futebol,cerveja,carnaval,consumismo ignorância, submissão, desunião, subjetivismo,corrupção,esperança…emanipulados com toda sorte de mentira, justificativa e desfaçatez
No Brasil, estamos apenas começando a ter uma visão mais sistêmica dos nossos rios. Começando a entender a importância deles na vida das cidades somente agora. Antes tarde do que nunca, a AquaFluxus tem como missão mudar a visão sobre a drenagem e os rios.
Tratar mal os rios e lagos não é um privilegio de uma única classe econômica. Não é difícil encontrar condomínios de luxo que desmatam as matas ciliares e desviam rios. Um exemplo foi a tragédia que ocorreu no inicio do ano no Vale do Cuiabá (Itaipava, Petrópolis) onde morreram ricos e pobres… A diferença é que a população mais pobre mora nas várzeas de rios por falta de opção, o que não acontece com os condomínios de luxo.
Abraços,
Matheus
Caso similar em Cingapura
http://www.worldarchitecturenews.com/index.php?fuseaction=wanappln.projectview&upload_id=17477
http://www.ch2m.com/corporate/services/sustainable_solutions/assets/ProjectPortfolio/ABC_Waters.pdf
Valeu pela dica Paty!
Parabéns pela belíssima discussão sobre esse importante tema que envolve cada vez mais profissionais interessados em resolver esses grandes e complexos problemas que envolvem as inundações e o acelerado crescimento das cidades de forma desordenada.
Obrigado Davyd!
Gostei muito. Acredito que muitos petropolitanos não sabem porque que os rios de nossa cidade são nas frentes das casas.lojas.Quanto a Coreia do Sul,um sonho possível para alguns lugares do Brasil, Quem sabe,né!
Petrópolis foi a primeira cidade no Brasil planejada em conjunto com seus rios. Quem mora ai pode perceber em que os bairros onde as casas estão “de costas” para o rio são bairros mais novos e que cresceram sem planejamento…
Parabéns! Adorei.
Tenho certeza que um dia nossos rios serão assim. (igual o da Coréia do Sul depois da reurbanização)
Obrigado Mãe!