Imagem de capa: foto de Azim Islam no Pexels
Quando a temperatura no Rio de Janeiro bate recordes um dos primeiros culpados é o famigerado aquecimento global, mas esse não é o principal fator que influencia o aumento de temperatura nas grandes cidades. Isso porque em escala bem menor do que a global, o homem alterou o clima das cidades, criando o que chamamos de Ilhas de Calor. Nesse verão em que a sensação térmica bateu a casa dos 50 graus é fácil de perceber, em um passeio pela cidade, que quando passamos por bairros mais urbanizados a temperatura é superior à de bairros menos urbanos, da mesma forma, conforme nos afastamos das grandes cidades em direção a regiões mais rurais também ocorre uma ligeira diminuição na temperatura ambiente.
Essa diferença de temperatura entre a região mais urbanizada e as áreas em seu entorno não urbanizadas é chamada de Ilha de Calor Urbano (UHI, do inglês urban heat island). Assim a ilha de calor é a diferença entre a temperatura (geralmente do ar, mas também pode se referir a temperatura da superfície do solo) da cidade para o seu entorno não urbanizado[1]. A primeira vez que foi observado o aumento da temperatura de regiões urbanas em relação ao seu entorno rural foi em 1818 na cidade de Londres pelo pesquisador Luke Howard, depois desse estudo vários outros surgiram comprovando o fenômeno.
As causas da existência das ilhas de calor são relativamente simples, muitos materiais de construção que constituem as nossas cidades (concreto, asfalto, etc) absorvem e retêm mais calor do sol do que materiais naturais que constituem as áreas rurais menos urbanizadas. Além disso a cobertura vegetal costuma manter a temperatura do solo igual ou inferior à temperatura do ar, desde que esteja devidamente hidratada, o que melhora a sensação térmica.
A busca por amenizar os efeitos das ilhas de calor passa tanto pela utilização de materiais de construção com menor retenção de calor, por métodos de construção que amenizem a temperatura como telhados verdes e pela utilização de cores mais claras nas construções (superfícies escuras absorvem mais radiação eletromagnética)[2]. Além disso, não pode ser descartado o papel dos parques e praças urbanas, que funcionam como oásis frescos em meio ao ambiente urbano, o gradiente térmico entre essas áreas e seus entornos chega a aproximadamente 10oC.[3]
Por isso o planejamento urbano também é fundamental para vivermos em cidades mais frescas, uma vez que depois de transformamos a cidade em uma verdadeira estufa o jeito é buscar formar criativas de se refrescar…