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Nível do Cantareira cai abaixo de 15% e “reserva” pode abastecer por 4 meses. Alckmin pede para usar água federal em SP. São Paulo vai integrar Sistema Cantareira e bacia do Paraíba do Sul. Essas foram algumas das notícias divulgadas recentemente sobre a crise hídrica pela qual o Estado de São Paulo está passando. Mas afinal, o que está acontecendo? E porque a solução encontrada pelo governo paulista ultrapassa as barreiras políticas do Estado?
Nesta semana, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi à Brasília se reunir com a presidente Dilma Rousseff, no intuito de conseguir autorização para utilizar a água do rio Paraíba do Sul.
A situação hídrica de São Paulo está cada vez mais caótica. As condições climatológicas atípicas que marcaram a região sudeste causaram alturas mínimas de precipitação durante o início do ano, período que deveria ser chuvoso. Foram os piores índices pluviométricos das ultimas oito décadas. Em consequência do fenômeno, os níveis dos reservatórios do sistema Cantareira, sistema responsável pelo abastecimento de 15 milhões de paulistas, não param de baixar. Segundo especialistas, o atual volume de água armazenado garante o abastecimento apenas até setembro deste ano.
Diante da crise, o governo de São Paulo vem promovendo ações estruturais e não estruturais como: o racionamento de água em regiões da Grande São Paulo; campanhas de economia de água e ações educativas para os consumidores dos setores doméstico, comercial e industrial; e algumas obras no Sistema Cantareira.
A obra emergencial de capitação da reserva de água do Sistema Cantareira dará um alívio à crise hídrica e o abastecimento da população estará “garantido”, mesmo sem a ocorrência de chuvas, até fevereiro de 2015. Essa obra tem como objetivo a utilização do volume morto dos reservatórios, que correspondem ao volume abaixo do nível das bombas e comportas do sistema de abastecimento, e que, portanto, nunca são aproveitados. Segundo a Sabesp, serão construídos 3,5 km de canais, instaladas 17 bombas e o volume disponível para o consumo será de 200 bilhões de litros de água.
Além disso, preocupado com a segurança do abastecimento da crescente demanda por água da Região Metropolitana, o governo de São Paulo pretende realizar duas grandes obras: a integração entre o Sistema Cantareira e a represa de Jaguari, na bacia do Rio Paraíba do Sul, e o novo Sistema São Lourenço, que irá gerar 4,7 mil litros de água por segundo.
O novo Sistema São Lourenço, atualmente, não é motivo para grandes discussões. Porém, a transposição de parte das águas do rio Paraíba, proposta, nessa semana, pelo Governo Estadual para o Federal já é motivo de discussão há um bom tempo.
Alckmin pretende criar um túnel de 15 km de extensão ligando a represa de Atibainha e de Jaguari, onde serão bombeados 5.130 litros de água por segundo. A confusão se dá porque a represa de Jaguari é uma das responsáveis pela alimentação do rio Paraíba do Sul.
Como explicado nos posts anteriores, Paraíba do Sul: um rio estratégico e Transferências Hídricas, o rio Paraíba do Sul é um rio importantíssimo para a região sudeste. As cidades do Vale do Paraíba e a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) dependem demasiadamente de suas águas.
Grande parte do desenvolvimento da região do Vale do Paraíba do Sul se deu por causa deste rio. Porém, infelizmente, o desenvolvimento não foi acompanhado por ordenamento do solo e infraestrutura, resultando na degradação ambiental da bacia.
Mas mesmo não aparentando, este rio é muito importante para o Estado do Rio de Janeiro. Pois, além de alavancar o desenvolvimento do interior, é através da transposição do rio Paraíba, realizada pelo Complexo Hidroelétrico de Lajes, que a demanda por água da Região Metropolitana consegue ser suprida.
No Estado do Rio, não se falam de outras fontes de água para abastecer a crescente expansão urbana e industrial. Dependemos quase que exclusivamente desse rio. Por outro lado, mesmo São Paulo tendo outras opções, também há vontade de utilizar essas águas.
Essa situação será decidida em Brasília. Enquanto São Paulo espera pela outorga (direito de uso da água), pelo licenciamento ambiental e por outras liberações da ANA (Agência Nacional de Águas) e da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), as cidades da RMRJ e do Vale do Paraíba torcem para que essa decisão não prejudique seus desenvolvimentos.
Vamos aguardar torcendo que este conflito seja resolvido da melhor maneira possível!
Boa noite!!!
Segue o link do artigo:
http://pt.scribd.com/doc/119240682/UTILIZACAO-DE-UM-MODELO-MATEMATICO-DE-CELULAS-DE-ESCOAMENTO-COMO-INSTRUMENTO-DE-APOIO-A-PRESERVACAO-DE-RECURSOS-HIDRICOS-FUNDAMENTAIS-AO-ABASTECIMENTO
Abraço.
Muito obrigada Ricardo!!!! Sempre contribuindo com excelentes informações.
Beijos
Luiza,
Muito oportuno o comentário de vocês.Embora muito se fale da importância do Paraíba do Sul a atual situação talvez sirva de alerta para a degradação dessa bacia. Fato que tem sido relegado pelas nossas entidades públicas e políticos. Facilmente constatado pela enorme destruição das APP e volume de esgoto lançado “in natura”. Quanto a isso já alertávamos em trabalho que apresentamos no XIX Congresso de Engenharia Química em 2012.
” Recentemente, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar dois grandes eventos internacionais: a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Estará garantido o abastecimento de água, vital para os habitantes e visitantes da cidade, até lá? A resposta será dada pela disponibilidade hídrica do rio Paraíba do Sul. Sabe-se que muitos estudos já foram realizados quanto às disponibilidades hídricas, potencial hidroenergético, possibilidades de barramentos, aproveitamento de várzeas e derivações na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul. Apesar desses muitos estudos, pouco se avançou quanto à preservação das matas ciliares e das áreas de preservação dos rios e, em particular, do rio Paraíba do Sul. A degradação dos rios é um fator limitante da própria disponibilidade de água. Quantidade e qualidade da água são temas correlatos.
Até hoje, o rio Paraíba do Sul não tem a faixa marginal de proteção – FMP e a Linha Média das Enchentes Ordinárias – LMEO demarcadas, propiciando a caracterização com os devidos registros cartoriais das áreas de domínio da União Federal e das de preservação permanente”.
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