Nos últimos meses o sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo, ficou no centro das atenções por se encontrar em uma situação de emergência. Infelizmente a situação do Rio de Janeiro não é muito melhor, pois nossos reservatórios estão em situação semelhante aos de São Paulo.
Para entender nossa situação precisamos entender de onde vem a água que consumimos na cidade do Rio de Janeiro. Toda a água que abastece a região metropolitana do Rio de Janeiro é tratada na ETA do Guandu, que é a maior do mundo e trata uma vazão de 43.000 litros/segundo de água retirada do rio Guandu e proveniente do rio Paraíba do Sul. A água é transposta do rio Paraíba do sul pouco depois de Volta Redonda e lançada em direção ao sistema Guandu.
O sistema Guandu não tem reservatórios de água com volume suficiente para “guardar” água como o sistema Cantareira. Assim a regulação para garantir o abastecimento é feita nos reservatórios do rio Paraíba do Sul. O Paraíba, que tem sua vazão completamente regulada, nasce em São Paulo na serra da Bocaina, corre em direção à capital paulista, mas antes de chegar lá “faz a curva” e passa a correr em direção ao Rio de Janeiro.
Dos 4 principais reservatórios que regulam a vazão do Paraíba, 3 estão em solo paulista (Paraibuna, Santa Branca e Jaguari) e apenas 1 esta em solo fluminense (Funil) e é o de menor capacidade de reservação. Após essa serie de reservatórios é que a água do Paraíba vai ser transposta para o sistema Guandu.
Para avaliar a quantidade de água disponível no sistema do Paraíba do Sul usamos o que chamamos de Reservatório Equivalente, que é a soma do volume das 4 barragens que regulam o rio. Assim somamos a quantidade de água disponível das 4 represas e vemos a quantidade total de água disponível no rio.
No final de 2010 o reservatório estava praticamente cheio, sendo que a primeira grande queda no nível dele ocorreu no verão de 2011/2012, que foi mais seco que o normal e ocorreu uma redução acentuada da água armazenada. Mas, foi no verão de 2013/2014 que a situação começou a se mostrar mais critica. Nesse período a estação de chuvas foi extremamente seca e, mesmo com essa redução da vazão liberada pelo sistema (adotada em maio de 2014) o volume continuou caindo acentuadamente. Hoje é de 0,33%, menor valor já registrado. Sendo que o maior deles, o Paraibuna já esta no volume morto..
O cenário geral é critico para o estado do Rio de Janeiro, pois a geração de energia hidrelétrica no Paraíba do Sul já esta praticamente zerada e o abastecimento da região metropolitana esta prestes a enfrentar um problema quase tão ruim como o de São Paulo. Cabe agora saber se o governo do Rio e a empresa que abastece a capital do estado se posicionaram com coerência e iniciaram um plano para gerir essa crise, ou se seguirão o mau exemplo dos nossos vizinhos paulistas.