em Recursos Hídricos

Sempre que chove mais forte um problema comum enfrentado pelo carioca é se locomover pelos arredores da Praça da Bandeira.

Praça da Bandeira em abril de 2010

A Praça da Bandeira se localiza bem próxima à foz do canal do Mangue, isso quer dizer que toda a água da chuva coletada pelos rios que “caem” no canal do Mangue passa por ali. E não são poucos os rios afluentes do canal do Mangue. Os rios Comprido, Maracanã, Joana, Trapicheiros e Papa-Couve recolhem a água da chuva que precipita sobre 8 bairros da zona norte e lançam no canal, que por sua vez, transporta toda essa água ao lado da praça da Bandeira.

Localização dos principais rios da bacia do Canal do Mangue.

Somando a grande vazão do canal do Mangue com o fato da praça da Bandeira ter sido construída em uma região onde anteriormente era um mangue (daí o nome canal do Mangue), não é de surpreender que a praça se transforme em uma grande piscina sempre que chove um pouco mais forte.

Uma pesquisa rápida no Google permite ver fotos da praça alagada ao longo de algumas décadas. Mas a frequência dos alagamentos vem aumentando junto com o crescimento da cidade.

 


As razões para isso são simples:

1) Conforme a cidade cresce, mais regiões são “impermeabilizadas”. Isso quer dizer que onde antes a água da chuva era absorvida pela terra, agora existe asfalto e a água corre direto para o sistema de drenagem. A consequência disso é um aumento na quantidade de água que chega aos rios durante uma chuva.

2) O modelo de drenagem, adotado pela cidade, prioriza escoar a água o quanto antes para as regiões mais baixas, o que pode ser bom para os bairros mais altos, mas é um problema para as regiões mais baixas (ou “regiões a jusante”, em jargão técnico), como a praça da Bandeira .

Se a praça da bandeira já recebe muita água de uma só vez durante uma grande chuva, o quanto mais rápido se jogar “para baixo” a água dos bairros que são drenados pelos afluentes do canal do Mangue, pior fica a situação da praça. Assim cria-se um dilema: “o quanto melhor se drenar uma região, mais outra vai ficar alagada”. Como resolver isso? A solução é adotar novas concepções de drenagem que não transfiram o problema no espaço e que sejam sustentáveis ao longo do tempo. Essas novas concepções de sistemas de drenagem fazem parte do tema “Drenagem Sustentável” ou, de modo mais abrangente, “Manejo Sustentável de Águas Pluviais”.

Uma ideia é armazenar, durante a chuva, a água dos bairros que ficam a montante da praça da Bandeira em reservatórios (ou como chamam em São Paulo, em Piscinões). Assim essa água irá encher esses reservatórios ao invés de encher a praça e as ruas ao seu redor. Dentro dessa ideia, a própria praça da bandeira poderia ser rebaixada e virar um grande reservatório, mas de forma planejada. Assim, a água que alaga a marginal oeste passaria a encher a praça. A situação da praça ficaria a mesma, de baixo d’água, mas o trânsito nas ruas ao seu redor melhoraria um pouco.

A boa noticia é que órgãos da prefeitura e pesquisadores da UFRJ já avaliaram essa ideia e existe alguma chance dela ser implantada, basta iniciativa política.

 

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  • […] Como exemplo, vamos pegar a clássica região do centro e da Tijuca, que foi abordada no nosso texto “A Praça da Bandeira”. […]

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