Depois de um ano e meio, estou de volta no Blog Cidade das Águas. Durante este tempo vivi uma aventura em um país bem distante do nosso. País que me acolheu e onde aprendi muita coisa. E apesar de ter cultura, política, história e, principalmente, clima bem diferentes, a Rússia e o Brasil têm uma mesma grande riqueza: a Água. Por isso, o assunto escolhido para o meu retorno não poderia ser outro: A Rússia e seus recursos hídricos.
A Federação Russa é uma das mais ricas em água no Mundo, juntamente ao Brasil, Canadá e China. Possui uma rede de sistemas hídricos complexa e extensa, com muitos rios, lagos, pântanos, aquíferos, bem como glaciares e campos de neve. São dezenas de bacias hidrográficas, que escoam em direção aos oceanos Atlântico, Ártico e Pacífico.
Rússia e recursos hídricos (Reprodução: www.geographyofrussia.com)
Cerca de 95%, dos mais de 8 milhões de quilômetros de rede fluvial russa, corresponde a rios de comprimento relativamente pequenos, que não excede 100km. Inclusive, muitos desses com extensões inferiores a 10 km.
Curiosamente, os 5% restantes condizem a alguns dos maiores rios do Mundo. Rios que além de extensos, têm bacias hidrográficas com dimensões superiores a 1 milhão de km2 e volume de escoamento gigantescos. São eles: Volga (com vazão de 248 km3 /ano), Lena (530 km3/ano), Ob (404 km3/ano) Amur (378km3/ano) e Ienissei (625 km3/ano).
O Rio Ienissei está localizado na parte asiática da Rússia, nas regiões de Tuva, Cacássia e Krasnoiarsk Krai. É o maior sistema fluvial que flui em direção ao Ártico. Nasce nas montanhas da Mongólia a 3,3 mil metros de altitude. Depois de percorrer mais de 5 mil quilômetros, drenando grande parte da Sibéria Central, chega ao gelado Mar de Kara. Sua bacia hidrográfica mede 2,6 milhões km2 e, incrivelmente, não é a maior na Rússia. Perde para a bacia do Rio Ob.
Sua vazão média é de 19.800 m3/s. Porém, na época das cheias essa vazão aumenta para 132.000 m3/s. E isso é muita coisa? Para visualizarmos melhor, vamos pensar na realidade brasileira. A vazão média do Rio São Francisco é de 2.900 m3/s, a do Rio Paraná 17.300 m3/s e a do querido Rio Amazonas é de 209.000 m3/s.
No inverno, seu leito fica coberto por uma espessa camada de gelo (Reprodução: Pixabay – Foto: Александр Пургин)
No Ienissei Inferior, as cheias começam em maio e terminam no final de julho. 83% do grande volume de escoamento é oriundo do degelo. A vazão máxima registrada foi de 176.000 m3/s e ocorreu em 12 de junho de 1969, exatamente no período do verão russo.
Os principais setores que movimentam a economia na bacia de Ienissei são transporte aquaviário, silvicultura, mineração, metalurgia e pesca. Nas cidades de Igarka e Dudinka há grandes portos, que entre outras coisas exportam a produção de mineração e metalurgia.
Rio Yenisei (Reprodução: www.geographyofrussia.com – Foto: Георгия Сауткина)
Os russos alcançaram o Ienissei superior em 1605. Tempos depois, através dele os Czares tentaram facilitar a comunicação com a Sibéria. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista e o Império Japonês concordaram em dividir a Ásia ao longo de uma linha que acompanhava o rio Ienissei até a fronteira da China. Hoje, ele tem importância social e econômica. Os principais setores que movimentam a bacia do Ienissei são transporte aquaviário, silvicultura, mineração, metalurgia e pesca.
Rio Ienissei (Reprodução: www.geographyofrussia.com)
Esse foi o primeiro texto de alguns dos temas relacionados a Rússia. A relação dos russos com os recursos hídricos está presente na história, na localização da cidade, nas atividades econômicas e nas alternativas para enfrentar as temperaturas extremas. Em uma próxima vez, desejo contar mais um pouquinho sobre esse conteúdo vindo do outro lado do planeta.
Beijo e até logo
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