em Economia de água, Políticas públicas, Recursos Hídricos

Foto de capa: Sarah_Loetscher por Pixabay


Como muitos previam, a água doce está se tornando um recurso cada vez mais escasso. Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU, cerca de dois terços da humanidade vivem em regiões onde há escassez de água ao menos uma vez por mês. A ONU também estima que a nossa demanda por água deve aumentar 50% até 2030.

Como escrevemos no post H2O – MOLÉCULA SIMPLES E ESSENCIAL, a água está presente em praticamente tudo! Ela faz parte do nosso corpo, da nossa comida e de tudo o que bebemos. Cerca de 70% do corpo humano é composto de água. Essa substância inodora, incolor e insípida é necessária em quase todos os processos produtivos. É um recurso essencial para a manutenção da vida no planeta Terra.

Algumas cidades ao redor do mundo sofrem com a falta deste recurso e estão buscando maneiras de otimizar o uso da água, a fim de garantir o abastecimento da população. Vamos ver algumas destas cidades e o que elas tem feito para reduzir a falta de água:

Cidade do Cabo, África do Sul: racionamento e fim do desperdício

Devido à forte estiagem nos últimos três anos, desencadeada pelo fenômeno El Niño, a Cidade do Cabo esteve prestes a se tornar a primeira metrópole do planeta sem água. O governo local havia previsto o fechamento das torneiras em agosto de 2018, mas com o nível dos reservatórios aumentando e o sucesso das medidas de racionamento, o Day Zero foi adiado.

Apesar do adiamento, a situação do abastecimento ainda é muito complicada na Cidade do Cabo. Atualmente, cada morador tem direito a 50 litros de água por dia. Segundo a ONU o uso de 110 litros de água por dia é suficiente para atender às necessidades básicas de higiene e consumo de uma pessoa. Os moradores da Cidade do Cabo vivem com menos da metade. Se a gente pensar que uma ducha de 5 min gasta uma média de 45 litros de água, dá pra ter uma noção do nosso gasto diário apenas com banho. No Brasil a média de consumo de água por habitante é de 185 litros por dia; no Rio de Janeiro a média chega a 250 litros por dia. Isso nos dá uma ideia de quanta água estamos desperdiçando.

Na Cidade do Cabo racionamento é palavra de ordem e desperdício é extremamente proibido. Além da restrição do consumo por habitante, foram realizadas reformas nos encanamentos para evitar a perda de água no sistema de abastecimento. Além disso, o governo tem buscado a diversificação das fontes de abastecimento. Apesar do atraso, projetos alternativos de abastecimento vêm sendo realizados. Existem diversas soluções em andamento que vão desde a dessalinização até a reciclagem de água.

Cidade do México, México: buscando cada vez mais longe

Crédito: Imagem de Walkerssk por Pixabay

Instalada sobre o que antes era uma rede de lagos subterrâneos, a Cidade do México cresceu exponencialmente em pouco tempo, sem planejamento. Como resultado do processo se urbanização desordenado, as fontes de água foram se extinguindo. Para garantir o abastecimento de água da cidade foram escavando cada vez mais fundo, fragilizando o solo e esgotando os recursos hídricos da região. A pressão das construções sobre o solo frágil e o aumento da extração de água para atender a uma superpopulação tem causado o afundamento da cidade. Estima-se que em um século a cidade afundou cerca de 10 metros. Os problemas de água na Cidade do México não só causam escassez de oferta, mas também estão causando o colapso progressivo de sua superfície.

Além de buscar água cada vez mais fundo, outra solução adotada tem sido buscar água cada vez mais longe, já que as fontes de abastecimento próximas à cidade estão se exaurindo. Ceca de 40% da água consumida na Cidade do México vem de lugares distantes. Somado a isso, falta conscientização da população, que ainda desperdiça muita água, e ocorrem muitas perdas no sistema de abastecimento.  Estima-se que as perdas de água no sistema de abastecimento chegue a 40%. Nos últimos 60 anos a média de consumo de água por habitante passou de 40 litros para 280 litros diários.  Algumas regiões da cidade o abastecimento depende de caminhões pipa e outras não contam com abastecimento diário. Atualmente, esforços para reciclagem da água e aproveitamento de água da chuva ainda são muito pequenos.

Pequim, China: transposição

Fonte: maxpixel.

Com cerca de 21% da população mundial e apenas 6% da água potável do planeta, a China está entre os 13 países listados pela ONU com grave falta d’água. A sua capital Pequim consome mais água do que a que tem disponível nos seus reservatórios, e a população da cidade vem crescendo a cada ano.

Além disso, as secas prolongadas impactaram fortemente os rios chineses, já degradados devido ao crescimento industrial e populacional, que poluem cada vez mais os corpos d’água. Dentre as medidas pensadas para garantir o abastecimento de Pequim, a companhia de água local aposta em projeto multibilionário de transposição de rios, denominado Projeto de Desvio de Água Sul-Norte.

Tel-Aviv, Israel – reciclagem da água

Crédito: nadya_il  por Pixabay.

Como escrevemos no post MINIMIZANDO OS EFEITOS DA ESCASSEZ DE ÁGUA – O EXEMPLO DE ISRAEL , Israel é reconhecido mundialmente por sua habilidade em utilizar ao máximo seus recursos disponíveis e por encontrar novas soluções para o abastecimento. Israel é um país que já enfrentou anos consecutivos de seca e escassez de água, e com isso tornou-se um grande exemplo para os outros países. Entre os programas em desenvolvimento, cuja finalidade é ampliar o potencial hidráulico de Israel, podemos citar sistemas de irrigação eficientes, aproveitamento da água da chuva, reciclagem de águas de esgoto, gestão do desperdício e dessalinização da água do mar.

Em Tel-Aviv, segunda maior cidade do país, 100% da água é reaproveitada. Todo o esgoto gerado na cidade é tratado e usado para irrigar plantações no deserto do Neguev. O tratamento do esgoto passa por processos físicos, químicos e biológicos na maior estação de tratamento do Oriente Médio, o Shafdan. Está água é transportada por cerca de 100km de dutos até o deserto de Neguev. Também utiliza-se água salobra para irrigação por gotejamento para as variedades de plantas resistentes ao sal.

Em todo Israel quase metade da irrigação do país é proveniente de águas residuais recicladas. Segundo Menahem Libbhaber, especialista em água e saneamento e autor de livro sobre reciclagem de água, em Israel as águas residuárias integram os recursos hídricos do país há mais 40 anos. A reutilização da água doméstica tem sido intensa e atualmente 75% dos efluentes gerados são reutilizados.

Temos muitas outras cidades, inclusive no Brasil, que sofrem com a escassez hídrica e buscam formas de reduzir os efeitos desse problema. Você conhece alguma cidade onde a água é um recurso escasso? Conhece alguma tecnologia que otimize o uso da água? Deixe aqui o seu comentário. Voltaremos a falar sobre esse assunto em outro post.

Abaixo, alguns textos sobre esse assunto:

APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA E REDUÇÃO DA CONTA DE ÁGUA!

ECONOMIA DE ÁGUA PARA CONDOMÍNIOS E EMPRESAS

ÁGUA PARA UM CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL, SOMENTE SE FOR ÁGUA PARA TODOS.

ECONOMIZAR ÁGUA

PRODUZINDO MAIS COM MENOS ÁGUA

PROGRAMA PRODUTOR DE ÁGUA – ANA

 

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