Foto de capa: Rabax63, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
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É comum, nos dias de hoje, vermos casas “penduradas” à beira de rios que cruzam a malha urbana de cidades como o Rio de Janeiro, por exemplo. Esse tipo de habitação geralmente está em condições precárias e irregulares. As casas invadem um espaço necessário ao extravasamento natural do rio, atuando como uma espécie de “dique” e acabam, elas próprias, por sofrerem as consequências das cheias, agravadas justamente pela sua existência em local inadequado.
Mudar o desenho urbano e reassentar famílias não é algo fácil. Nós mesmos, em posts anteriores, já nos questionamos sobre como solucionar esse problema.
No entanto, quando visitamos cidades cuja história remete à Antiguidade, percebemos que a grande maioria delas se desenvolveu em áreas associadas aos rios.
Considerando que essa conformação não se deu ao acaso, por que esses casos são diferentes dos primeiros que relatamos?
A escolha dessas áreas, pelas civilizações antigas, se deu em função da necessidade de água para abastecimento, de terras férteis e de irrigação para a produção de alimentos excedentes para abastecê-las, da possibilidade de utilizar o rio em rotas comerciais e também pela proteção conferida pelo rio como barreira natural.
Alguns exemplos de cidades marcantes deste período são: Babilônia (posteriormente Bagdá, banhada pelos rios Tigres e Eufrates), Mênfis (posteriormente Cairo, banhada pelo rio Nilo), Harapa (na bacia do rio Indu) e Roma (nascida junto ao rio Tibre).
Se civilizações antigas, responsáveis pelo desenvolvimento de cidades grandiosas, como as citadas, souberam conviver com a existência dos rios e suas cheias naturais, utilizando-se delas para a sua própria sobrevivência, por que as cidades atuais vivem um descompasso tão grande com o regime dos rios?
Aprender a conviver com os rios, respeitar seus ciclos de cheias e os “caminhos naturais da água” é o grande desafio da “Drenagem Urbana Sustentável” e razão de existir da AquaFluxus!