Esta semana, a AquaFluxus está em Veneza, Itália, representada por um de seus sócios, por conta de um projeto de pesquisa em que a empresa participa (já abordado no post …i nostri problemi…) .
Veneza, destino de viagens românticas de muitos casais, sofre todos os anos com alguns eventos de aumento do nível da maré. Esses eventos a que me refiro têm um nome específico, em italiano: Acqua Alta (leia post relacionado aqui).
A acqua alta é um fenômeno que ocorre nos meses de outono e inverno europeus, com maior probabilidade de ocorrência entre novembro e dezembro (ou seja, justamente nesta época!). Podendo acontecer em vários ou apenas alguns dias, o fenômeno da acqua alta geralmente afeta com mais frequência a região em que se localiza a Piazza San Marco, por ser a parte mais baixa da cidade.
A acqua alta segue o ciclo da maré (6h – preamar / 6h – baixamar). Nos dias em que ela acontece, sua duração corresponde somente às horas centrais da fase crescente da maré. Com isso, Veneza é atingida pela acqua alta por somente cerca de 3-4 horas. Em termos de gravidade, o pior caso documentado de acqua alta foi registrado em 1966, quando a água ultrapassou o nível da maré normal (180 cm) em mais de 1 metro e 96% da cidade foi inundada.
Veneza está acostumada a conviver com a acqua alta. A administração local, quando é previsto que a maré superará os 110 cm acima do nível médio do mar, avisa a população local por meio de sinais acústicos e também por SMS. As mensagens de SMS são enviadas àqueles que se inscrevem no serviço informativo do Centro Maree Comunale.
Logo surgem passarelas nas vias principais da cidade; além disso, os vaporetti (transporte de barco pelos canais) continuam normalmente o seu percurso habitual, modificando-os apenas em situações excepcionais, mas garantindo o acesso a quase toda a cidade. Tais fatos mostram que Veneza está mesmo bastante habituada a conviver com o fenômeno. O sofrimento não chega a ser muito grande, afinal, em poucas horas a água começa a baixar e a vida volta ao “normal”.
A seguir, algumas fotos da cidade em evento de Acqua Alta.
Como vimos nas fotos, as pessoas convivem e se protegem dos efeitos da acqua alta. Isso se deve, muito, à rotina estabelecida pelos sistemas de alerta locais. Tal fato nos faz lembrar do sistema de alerta de cheias que o INEA vem implantando na Baixada Fluminense e na Região Serrana Fluminense, no estado do Rio de Janeiro. A iniciativa é importante e pode prevenir uma série de perdas, embora não evite, propriamente, as cheias. No entanto, é necessário que haja treinamento e adesão por parte da população (veja o post Sempre Alerta!).
Esse é um assunto que discutiremos num próximo post.
Até breve!