O El Niño, apesar do nome inofensivo, é um fenômeno responsável por diversas anomalias climáticas que trazem consequências para várias regiões do Mundo. Os anos de 1997 e 1998 foram marcados pela ocorrência do maior episódio do El Niño dos últimos 150 anos. Foi considerado o mais forte aquecimento do Oceano Pacífico Oriental, trazendo muito calor para algumas regiões, excesso de chuvas para outras e estiagem. Mas se preparem! Segundo cientistas da NASA, o próximo El Niño promete.
Se você não lembra, o evento de 1997/1998 provocou no Brasil excesso de precipitação e grandes enchentes na Região Sul, estiagens no norte da Região Amazônica, inverno ameno na Região Sudeste e diminuição das chuvas na Região Nordeste durante a estação úmida.
Em março deste ano, os satélites da NASA identificaram que a temperatura da superfície do Oceano Pacífico estava mais quente do que o normal, indicando a ocorrência do El Niño. Mas não se preocuparam, pois acreditaram que seria um fenômeno fraco. Nesta semana, no entanto, os cientistas reavaliaram as informações. De acordo com os resultados processados pela agência, podemos estar diante de um El Niño forte e intenso, tanto quanto o de 18 anos atrás.
Nessas imagens podemos observar as anomalias na superfície do Oceânico Pacífico nos anos de 1997-1998 (à esquerda) e 2016 (direita).
O fenômeno El Ninõ já foi abordado no blog, nos textos:
O MENINO JESUS, O CLIMA E AS CHUVAS.
DIA MUNDIAL DOS OCEANOS: “UM PLANETA SUSTENTÁVEL NÃO PODE EXISTIR SEM UM OCEANO SAUDÁVEL (IRINA BOKOVA)
A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que aparecem na costa norte do Peru, na época de Natal. Pescadores que cruzam as águas do Pacífico ao lado da costa do Peru e do Equador já sabem há séculos sobre a ocorrência do El Niño. Na frequência de três a sete anos, durante os meses de dezembro e janeiro, os peixes das águas costeiras desses países praticamente desapareciam, paralisando a pesca. Os homens do mar chamaram a presença de águas mais quentes de “Corriente de El Niño” em referência ao Menino Jesus.
Uma importante componente do sistema climático da terra é representada pela interação entre a superfície dos oceanos e atmosfera (ar) adjacente a ele. Os processos de troca de energia e umidade entre eles determinam o comportamento do clima, e alterações destes processos podem afetar o clima regional e global. Por esse motivo, os fenômenos climáticos atípicos conhecidos como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem consequências no clima em todo o planeta.
O El Niño cria, em um de curto espaço de tempo, um evento natural com potencial de mudança climática. Esta condição quente afeta o meio aquático local, mas também estimula padrões climáticos extremos em todo o mundo, das inundações na Califórnia para as secas na Austrália.
O fenômeno ainda é um tanto desconhecido. Neste próximo período (2015-2016), o evento será melhor observado pelos satélites, propiciando maior entendimento sobre a variabilidade ano-a-ano, e suas consequentes inundações, secas e incêndios no oeste dos Estados Unidos, na Amazônia e na Indonésia, por exemplo. O El Niño também pode alterar a variabilidade anual do ozônio que afeta gravemente a saúde humana, mais um motivo para os pesquisadores estudarem o fenômeno.
“El Niño é um fenômeno fascinante porque tem amplos e diversificados impactos. O fato de que os incêndios na Indonésia estão relacionados com padrões de circulação que influenciam a precipitação sobre os Estados Unidos mostra quão complexo e interligado é o sistema climático terrestre”, disse Lesley Ott, meteorologista da Goddard Space Flight Center da NASA.
Este ano o El Niño já é forte e provavelmente irá igualar o evento de 1997-1998, o mais forte já registrado, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial. Se realmente for tão intenso quanto ao anterior, nós começaremos a sentir seus efeitos a partir de outubro. Que efeitos são esses? Em 1997-98, o El Niño provocou:
– Excesso de chuva durante a primavera e o verão na região Sul, com médias acima de 50mm de chuva por mês;
– Seca severa no período de fevereiro a maio do ano seguinte no Nordeste, com forte queda na quantidade de chuva na região;
– Seca no leste da Amazônia, provocando um boom de queimadas e incêndios florestais;
– Verão quente no Sudeste, com temperaturas de 1ºC a 4ºC mais quente que a média.
Até a próxima!!!