Com o início da estação das chuvas constantemente assistimos, e até presenciamos, problemas com inundações. Uma semana atrás vimos o caso de Porto Alegre e essa semana o caso de Aracaju. A população sofre com as inundações, perdem bens materiais e até vidas.
Mas afinal, existe solução?
A verdade é que não existe uma solução milagrosa. Enchentes sempre irão ocorrer, pois são fenômenos naturais de transbordamento de água dos rios, provocadas por chuvas contínuas e inundações ocorrem quando a enchente atinge áreas urbanizadas. O que existem são ações integradas que, através de uma visão da bacia como um todo, buscam minimizar os impactos das enchentes nas cidades. Estas ações devem abranger medidas estruturais e medidas não estruturais, também chamadas de medidas preventivas. Algumas destas medidas preventivas foram apresentadas no post Prevenir ainda é o melhor remédio, tais como a preservação da cobertura vegetal, o controle do uso e ocupação do solo, zoneamento das áreas inundáveis e sistema de previsão e alerta.
Estas ações preventivas podem realmente minimizar os impactos e/ou a ocorrência de inundações?
Sim! Uma maneira de verificar isto é a partir do uso de modelos matemáticos (veja mais em Modelos musicais e matemáticos e Modelos Matemáticos de Cheias – Para cada resposta, uma pergunta…), que permitem a aplicação de medidas e como o rio responde a estas medidas.
Na minha dissertação, uma das coisas que fiz foi avaliar se uma destas medidas preventivas, neste caso a preservação da cobertura vegetal da Faixa Marginal de Proteção (FMP), poderia reduzir as inundações na bacia hidrográfica do rio Sesmaria. Neste estudo utilizei o modelo hidrodinâmico MODCEL, desenvolvido pelo professor Marcelo Miguez na COPPE/UFRJ, que foi apresentado no post Prata da casa e que é utilizado em projetos desenvolvidos pela AquaFluxus. Os resultados calculados pelo modelo permitem delimitar as manchas de inundação resultantes da resposta do sistema de macrodrenagem a um evento hidrológico.
A bacia do rio Sesmaria está inserida na região conhecida como Médio Vale do Rio Paraíba do Sul (MVRPS), no limite dos estados brasileiros de São Paulo e Rio de Janeiro. Possui uma área de drenagem de 149 km² e o rio Sesmaria, afluente do rio Paraíba do Sul, tem cerca de 21 km. É uma bacia predominantemente rural e coberta por pastagem. Próximo à foz do rio Sesmaria, está localizada uma importante área da cidade de Resende, que é uma das cidades históricas do Brasil-Colônia e o município mais antigo da região Sul-Fluminense.
A área urbana da bacia é densamente ocupada e sofre com problemas de inundações. Como pode ser visto nas imagens abaixo.
Atualmente, a vegetação marginal do rio Sesmaria se restringe a pequenos fragmentos de mata ciliar próximos ao leito e a maior parte é vegetada apenas com gramíneas que não conferem nenhuma estabilidade às margens. Foi previsto o reflorestamento de toda a FMP da área rural da bacia, não tendo sido prevista nenhuma desapropriação da área urbana da bacia, que tem as áreas, que deveriam ser de FMP, densamente ocupadas.
Observando os mapas abaixo nota-se que para uma chuva com tempo de recorrência (TR) de 25 anos, que é o TR recomendado pelo Ministério das Cidades para projetos de macrodrenagem, houve uma redução significativa das áreas alagadas e da profundidade de água nas áreas.
Este estudo permite refletir sobre a importância da preservação da cobertura vegetal que, além de proporcionar uma maior infiltração da água do solo reduzindo o volume de água que escoa para o rio, também confere maior estabilidade às margens, reduzindo a erosão fluvial, e atua como um filtro impedindo que sedimentos da bacia cheguem ao leito do rio, reduzindo o assoreamento.
E aí, gostou do resultado? Viu como é importante a preservação da cobertura vegetal?
Até o próximo post!!
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[…] no blog Cidade das Águas como as florestas são importantes para o controle de inundações (veja aqui e aqui), manutenção do ciclo hidrológico, melhora do clima e manutenção do regime de chuvas. […]
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Carol arrasando!! Adorei!!
Obrigada, Aline!!