Desde o início de maio deste ano, algumas regiões do Canadá vem sofrendo com inundações. As chuvas intensas somadas ao derretimento da neve causaram o transbordamento de vários rios. Em Quebec, uma das províncias mais atingidas, são 146 localidades e cerca de 2.500 casas inundadas. Montreal, a maior cidade de Quebec, declarou estado de emergência no último domingo (7 de maio de 2017), após o rompimento de diques causarem a elevação do nível das águas em áreas já inundadas. A cidade mais populosa do Canadá, Toronto – Ontário, também tem áreas inundadas. Segundo notícias, a chuva esperada para todo o mês de maio caiu em apenas uma noite nessa região.
Como escrevemos no post RELAÇÕES ENTRE O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E AS ENCHENTES, as enchentes “caracterizam uma situação natural de transbordamento de água do leito principal dos cursos d’água (leito menor) geralmente provocada por eventos de chuvas intensas e contínuas. Este fenômeno natural atinge a humanidade desde o início da civilização, quando o homem, visando o abastecimento das cidades e devido às facilidades da proximidade aos cursos d’água, decidiu por ocupar áreas susceptíveis à inundação. Com o passar dos anos e com o crescimento desordenado das cidades, esta situação se agravou. Em áreas densamente urbanizadas, em que há redução da cobertura vegetal e aumento da impermeabilização das superfícies, a água da chuva encontra dificuldades para infiltrar no solo. Com isso ocorre o aumento do volume de água escoada superficialmente, podendo superar a capacidade de escoamento de rios, córregos e canais.” Dessa maneira, as inundações se tornam mais severas e mais frequentes. Em países como Canadá ainda existe o incremento da neve, que, com o aumento da temperatura, derretem e escoam até os rios, podendo provocar a elevação dos níveis d’água e maior possibilidade de inundações.
Diante das enchentes no Canadá e em outros países, surge a pergunta: É possível reduzir as consequências das inundações?
Não é simples e demanda tempo, mas sim, com o devido planejamento, criando cidades mais resilientes, é possível reduzir as consequências de eventos extremos. Já falamos sobre isso nos posts relacionados abaixo:
COMO REDUZIR OS DANOS CAUSADOS PELAS INUNDAÇÕES
SOLUÇÕES PARA OS DESASTRES NATURAIS: SERÁ QUE ELAS EXISTEM?
ÍNDICE DE RESILIÊNCIA ÀS INUNDAÇÕES – IRES
EVENTOS EXTREMOS: IMPREVISÍVEIS E INEVITÁVEIS!
O fato é que muitos países não estão preparados para lidar com eventos extremos. No caso específico do Canadá, recentemente a Universidade de Waterloo e o Centro Intact realizaram um levantamento da situação das províncias canadenses relacionadas à prevenção e resposta a eventos de inundações. Foram entrevistados 103 representantes do governo em 91 ministérios, departamentos e agências provinciais e territoriais, entre dezembro de 2015 e abril de 2016. As avaliações focaram em como as províncias do Canadá e Yukon estão preparadas para reduzir os danos causados pelas inundações em relação às atuais e futuras chuvas. Foram 12 categorias avaliadas, incluindo mapeamento da áreas de inundação, planejamento do uso do solo, saúde e segurança públicas e prevenção e resposta a emergências. Como resultado deste levantamento foi publicado o relatório intitulado Mudanças Climáticas e Prevenção das Províncias Canadenses e do Yukon para Limitar Potenciais Danos das Inundações (Climate Change and the Preparedness of Canadian Provinces and Yukon to Limit Potential Flood Damage).
Usando uma escala de A (Alto nível de prevenção) a E (Baixo nível de prevenção), a contagem média das 10 províncias e Yukon é C-, o que indica que é necessário avançar para reduzir os riscos de inundações futuras.
No caso das duas províncias atingidas pelas inundações, Quebec e Ontário, podemos observar nos gráficos apresentados abaixo que, apesar do que já foi feito, ainda falta planejamento para reduzir os riscos potenciais das inundações nessas regiões.
Uma das maneiras de reduzir as consequências de enchentes é o mapeamento de áreas de inundação associado a previsão meteorológica de alta precisão. Com o cruzamento dos dados meteorológicos e o mapeamento das áreas de risco é possível obter mapas dinâmicos, com emissão de alertas de cheias que podem reduzir consideravelmente as perdas de bens e vidas e apoiar as ações de gestores durante os eventos extremos. O mapeamento dinâmico integrado de áreas de risco tem como principais vantagens:
- Alertas precisos e em tempo hábil para tomada de decisão
- Mapeamento em tempo real, com atualizações constantes
- Resposta rápida
- Redução dos danos
- Aumento da segurança da população exposta ao perigo
Quando lidamos com eventos naturais, como toda a previsão, podem ocorrer falhas. Mas sem dúvida, o mapeamento de áreas de risco com sistema de alerta, somado ao planejamento e melhor gestão do território, além de medidas de contenção de encostas e controle de inundações, resultam na construção de cidades mais resilientes.
Como disse o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, em uma visita às áreas alagadas de Quebec: “… para reconstruir nossas comunidades, nossas casas, nossa infraestrutura, vamos ter que pensar sobre o que podemos fazer para reconstruir melhor.”
Que possamos construir cidades mais resilientes! Até a próxima!
[…] tornar as cidades mais resilientes e mais preparadas para eventos extremos. Como escrevi no post INUNDAÇÕES NO CANADÁ: AS CONSEQUÊNCIAS PODERIAM TER SIDO MENORES? , é possível reduzir as consequências das inundações. É um trabalho árduo, mas com o devido […]