O tema mapeamento de inundações já foi abordado algumas vezes no Cidade das Águas, como por exemplo quando falamos dos alagamentos que ocorreram no início do ano, e como é importante conhecer as áreas com maior risco de inundações para definir estratégias de gestão urbana, buscando reduzir os danos e prejuízos. Em outro texto apresentamos um projeto onde mapeamos as inundações em um bairro de São Paulo, com o uso de modelagem hidrodinâmica, e, assim, conseguimos identificar as áreas com maior probabilidade de sofrer alagamentos e definir os locais mais apropriados para realocação das famílias que viviam áreas de risco.
Hoje vamos apresentar a ferramenta de mapeamento de propensão à inundação, uma ferramenta que indica as áreas com maior suscetibilidade a sofrer inundações e que vai auxiliar as seguradoras no cálculo do prêmio de apólices de seguro. Essa ferramenta é um importante passo em direção à eficiência na gestão do risco de inundações e redução de prejuízos na cidade do Rio de Janeiro e, em breve, será aplicada para as principais cidades do Brasil.
Concluímos o mapeamento das mais de 40 bacias hidrográficas da cidade do Rio de Janeiro para a situação atual e iniciamos o mapeamento de cenários futuros considerando alteração dos padrões climáticos e mudanças no uso do solo. O mapa compreende uma classificação em 5 faixas de susceptibilidade para toda a extensão da cidade: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.
É importante frisar que sempre há um risco, o que varia é o nível desse risco, que pode ser baixo ou alto. Como Luiza escreveu no post A IMPORTÂNCIA DO MAPEAMENTO DE RISCOS HIDROLÓGICOS “os riscos de inundação dificilmente serão completamente eliminados, mas precisam ser conhecidos e gerenciados.”
Mas que benefícios essa ferramenta pode trazer?
Enumeramos alguns deles:
- Indica as áreas com maior propensão física a sofrer inundações, em classes que vão desde muito baixo risco a muito alto risco.
- Orienta políticas públicas de ordenamento territorial, definindo áreas com restrição a ocupações/adensamentos e reassentamentos.
- Apoia seguradoras no cálculo de prêmios para residencias, comércio, indústrias e veículos.
- Fornece subsídios para atuação de órgãos estratégicos como defesa civil, corpo de bombeiros, polícia militar, entre outros.
- Permite hierarquizar as regiões onde é necessário maior atenção e maior detalhamento do risco de inundações.
- Promover a construção de uma consciência da população sobre os perigos naturais, incentivando a adoção de medidas mitigadoras à nível regional, local e até mesmo individuais por conta dos proprietários;
- Apoia na escolha de terrenos para investimento imobiliário.
A ferramenta de propensão a alagamentos permite elaborar mapas com a indicação de níveis de risco, mas também podemos fazer estudos mais detalhados, indicando a lâmina d’água no empreendimento, velocidade da água em determinada via durante um evento de cheia, o tempo em que determinado local permanece alagado, entre outras informações relevantes. Um exemplo de aplicação pode ser visto no texto MAPA DE PROBABILIDADE DE INUNDAÇÕES: UMA FERRAMENTA PARA GESTÃO DO RISCO DE DESASTRES. Nesse post apresentamos um estudo realizado para um empreendimento que precisava conhecer o risco no seu terreno, a pedido de uma seguradora. Com a modelagem mais detalhada podemos elaborar outros tipos de mapas, como apresentado no post O PERIGO NO MAPEAMENTO DE RISCOS DE INUNDAÇÕES.
No Brasil, o uso de mapas de inundações nas seguradoras ainda é pouco difundido, entretanto, em alguns países como os Estados Unidos o uso de mapas é bastante comum. Quem se interessa pelo assunto, vale a pena dar uma conferida em duas recentes matérias do jornal NY Times:
“In New York, Drawing Flood Maps Is a ‘Game of Inches’
“What Land Will be Underwater in 20 Years? Figuring It Out Could Be Lucrative”
Se quiser ver as potencialidades do mapeamento de inundações, separei alguns textos para você:
MAPEAMENTO DO RISCO DE INUNDAÇÕES: IMPORTÂNCIA E APLICAÇÕES
MAPEAMENTO DE INUNDAÇÕES: O QUE DEVEMOS CONSIDERAR?
RISCO: UMA PALAVRA, MUITOS SIGNIFICADOS
EVENTOS EXTREMOS: IMPREVISÍVEIS E INEVITÁVEIS!