Nesse último domingo, o jornal O Globo publicou uma reportagem sobre o transporte por Cabotagem no Brasil, apresentando um número surpreendente: houve crescimento no setor de quase 10% no primeiro semestre desse ano, contra 0,5% de crescimento da economia no mesmo período. Porém, mesmo com essa alavancada, esse modal de transporte ainda representa apenas 0,5% dos transportes nacionais, segundo a mesma reportagem.
Mas você sabe o que é Cabotagem?
Navegação de Cabotagem é o transporte de cargas realizado entre os portos de um mesmo país, através da via marítima ou de vias navegáveis interiores. Segundo uma empresa que atua no ramo:
Qual é a importância do transporte por Cabotagem?
Segundo uma pesquisa de 2013, realizada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT), são destacados como pontos mais importantes do transporte por Cabotagem:
- Grande extensão costeira e proximidade dos grandes centros produtores e consumidores do litoral.
- Alta capacidade de carregamento, menor custo por tonelada quilômetro e menor custo de seguro.
- Menor consumo de combustível por tonelada transportada, reduzido registro de acidentes e menor emissão de poluentes.
- Ganhos de escala: uma embarcação de 5.000 toneladas é capaz de transportar o equivalente a 72 vagões ou 143 carretas.
- A maior utilização da cabotagem para fluxos internos possibilitaria a redução do volume de veículos nas rodovias, reduzindo o desgaste da malha rodoviária e contribuindo para a redução do custo total do frete.
- Aumento da competitividade das mercadorias regionais e maior eficiência da economia como um todo.
- Maior integração modal.
Apesar dos grandes avanços em termos de economia que o aumento de cargas transportadas poderia trazer ao Brasil, ainda há pouco investimento na área, que até chegou a apresentar uma acentuada curva ascendente de investimentos a partir de 2006, com ápice em 2010. Porém, 2011 e 2012 apresentaram números que inverteram totalmente a curva. Não encontrei números de comparação para os dois últimos anos, mas o Governo Federal anunciou, após a onda de protestos de junho de 2013, que haveria um esforço maior para intensificar investimentos de infraestrutura de transportes.
Na página eletrônica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), há indicação de 80 empreendimentos em portos nacionais e 57 em hidrovias. Números bem inferiores aos 453 empreendimentos em rodovias. Não estou reclamando que há muito investimento em rodovias, porque temos muito o que melhorar em nossas estradas, que matam como guerras (em 2012, 44.000 pessoas morreram em acidentes em estradas). mas em um país com área territorial como o nosso e mais de 8.500km de costa navegáveis, termos apenas 47 empreendimentos em ferrovias e algumas dezenas em hidrovias e portos, parece brincadeira…
Em 2013 foi iniciado o regime de 24 horas de funcionamento em alguns portos nacionais, como comentamos aqui no texto Jack Bauer nas docas.
Essa matéria do jornal O Globo publicará uma série de reportagens sobre o transporte por Cabotagem no Brasil, mostrando diversas dificuldades enfrentadas pelo setor em uma viagem de 17 dias entre Santos (SP) e Manaus (AM). Já mostraram alguns impasses burocráticos que corroem a competitividade de um dos modais mais baratos de todos, como excesso de licenças e horas de esperas nos portos. A burocracia de uma viagem entre portos brasileiros pode ser igual ou pior que uma viagem para a China, segundo a reportagem.
Com pequenos esforços e alguma vontade política, custos de transporte podem ser reduzidos drasticamente, alavancando toda a economia do país. Aproveitando a época eleitoral, você conhece o programa de governo do seu candidato? Sabe quais são as prioridades de investimento? Procure saber e vote consciente!
Abraços
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Fonte da imagem de capa: https://www.portosenavios.com.br/