Já foi dito em postagens anteriores que um dos principais problemas da drenagem das grandes cidades é o crescimento urbano desordenado. As cidades se expandem e aumentam as áreas impermeáveis, fazendo com que mais água seja jogada sobre o sistema de drenagem.
Esse crescimento desordenado pode fazer com que um sistema de drenagem bem projetado perca a sua eficiência. Mas a situação é muito pior quando uma região que já tem problemas de inundações, muitas vezes por ter um sistema de drenagem ineficiente, é exposta ao problema do crescimento desordenado.
Um caso emblemático é a Baixada Fluminense. Por motivos geográficos somados a falta de infra-estrutura e de políticas publicas a população da baixada fluminense sofre com uma freqüência quase que anual os problemas causados por alagamentos.
A baixada, como o nome sugere, está localizada em uma região plana e baixa bem próxima ao nível do mar. Isso sozinho já dificulta a drenagem da região, somando-se a isso tem o fato que toda a água que cai na parte da serra de Petrópolis voltada para o mar, escoa em direção à baixada. Ou seja, o local é plano, baixo, próximo ao mar e ainda recebe muita água que vem da serra!
Um fator que ameniza isso é que entre a serra e os centros urbanos da baixada existe uma região ainda pouco urbanizada, mais ou menos onde fica Xerém. Acontece que é bem onde ira passar o Arco Metropolitano, que vai ligar o pólo industrial do COMPERJ ao Porto de Sepetiba.
Em sua tese de doutorado, Paulo Carneiro usou um modelo matemático para simular as cheias na baixada e com os resultados desenhou um mapa de inundação para a região na situação atual.
Depois de simular a situação atual, Carneiro simulou para a mesma chuva o que aconteceria se a região entre a serra de Petrópolis e a área atualmente urbanizada da baixada fosse impermeabilizada, devido ao crescimento desordenado que pode acontecer com a implementação do arco metropolitano. Com os resultados desenhou o seguinte mapa de inundação.
Se observarmos os mapas, veremos que as cores que representam alagamentos maiores são mais comuns no segundo. Isso ocorre devido ao crescimento da urbanização nas regiões que ainda possuíam áreas permeáveis.
Esse estudo mostra como uma região que já é ruim pode piorar com o crescimento desordenado! O melhor aliado ao combate das enchentes é o planejamento urbano estratégico e ordenado.