O inverno se despediu invadindo a estação das flores, fazendo com que lareiras e aquecedores ficassem acesos em várias casas na primeira semana da primavera. Agora, no início de outubro, as temperaturas já começam a subir e o agradável clima pré-verão se anuncia.
Com ele, chegam as chuvas do sul e sudeste do Brasil que, nesse fim de semana, já castigaram o Rio Grande do Sul, deixando o gaúcho mais fresco, com neve, granizo e chuva…
A entrada da estação de chuvas anima a galera da soja e do agronegócio no sul do país, que promete uma boa safra para o período 2012/13. Porém, não são todos que estão soltando morteiros com a entrada da estação. Isso porque já foi percebida a entrada do fenômeno El niño, com moderada influência nesse último trimestre. O Menino chega trazendo índices de chuva maiores que o normal para a região sul, porém, favorece os processos de estiagem em regiões no norte e nordeste, frequentemente castigadas pelas secas.
Mas o que é esse tal de El Niño?
Observando mudanças na temperatura do oceano, pescadores da costa do Peru e do Equador perceberam que, em alguns fins de ano, uma corrente marítima mais quente que o normal chegava na área deles, resultando em uma grande diminuição na população de peixes. Por ser próximo ao período natalino, os pescadores batizaram a tal corrente marítima em homenagem ao Menino Jesus, assim, El Niño.
Essa corrente eleva a temperatura dos mares na costa sul-americana, alterando o clima em vários locais. Em uma situação normal, nesse período, fortes ventos sopram em direção à Ásia, no mesmo sentido das correntes oceânicas quentes do Pacífico Equatorial, sobrelevando o nível médio do mar nas Filipinas em até 80cm, em relação ao observado no Panamá. Esse processo também favorece a formação de grandes tempestades na Indonésia.
Mas o garoto muda toda essa configuração, bagunça tudo e as correntes marítimas quentes passam a se deslocar em direção à América do Sul. Essa pequena mudança é responsável por chuvas bem vindas em regiões muito áridas no território Peruano, assim como uma brusca queda na atividade pesqueira nesse país, pois a água fria da corrente de Humboldt passa pela costa peruana muito profunda, impedindo a chegada de plâncton, que servem de alimentos para os peixes.
No Brasil, fica essa confusão já conhecida, com mais chuva no sul e mais seca no norte. O que me incomoda bastante é colocarmos toda a culpa de nossas falhas em fenômenos naturais, velhos conhecidos há séculos. O menino, o moleque, o garoto, ou qualquer outro nome que queiram chamá-lo, está aí mais uma vez e voltará muitas outras vezes. Então, que planejemos nossas estruturas para os dias em que o carinha resolver passar as férias de verão no nada pacífico mar de nossa costa oeste.
Boa primavera para todos.
Abraços.
PS: Para saber mais – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
Muito boa postagem