Em uma entrevista concedida à rádio CBN nesta quinta-feira, dia 12 de fevereiro, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin reafirmou o interesse em despoluir as águas do rio Pinheiros e utilizá-las para abastecimento da população. Diante do colapso hídrico (leia sobre no post Sistema Cantareira: já passou da hora de fechar a torneira!) que atinge a capital paulista essa parece ser uma boa solução, no entanto, em 2011 o Ministério Público (MP) barrou o projeto de despoluição do rio Pinheiros, pois a tecnologia aplicada não eliminava alguns poluentes considerados tóxicos. Alckmin garante que apesar dos questionamentos do MP no passado é possível retomar este projeto.
O rio Pinheiros, um dos principais rios de São Paulo, nasce do encontro do rio Guarapiranga com o rio Grande, e deságua no rio Tietê. Na capital paulista, é margeado pela via expressa Marginal Pinheiros, uma das principais vias da cidade. Atualmente é considerado um dos rios mais poluídos do país, mas nem sempre foi assim.
Antigamente as margens do rio Pinheiros eram ocupadas por exuberante mata atlântica onde abundavam as palmeiras do tipo jerivá. Por isso os índios chamavam este rio de Jurubatuba, que quer dizer “rio das palmeiras”. Posteriormente o rio foi renomeado pelos padres jesuítas, recebendo a nomenclatura atual devido à grande quantidade de pinheiros ao seu redor.
O rio era bastante sinuoso e inundava as planícies adjacentes na época das chuvas. Aos poucos estas planícies foram sendo ocupadas por chácaras produtoras de verduras, legumes e frutas, consumidas na região.
Trecho do rio Pinheiros em 1920. Fonte: http://professorridaltovaz.blogspot.com.br/2014/11/rio-pinheiros-ontem-e-hoje.html
Por muitos anos o rio Pinheiros teve às suas margens diversos clubes esportivos e foi inclusive cenário de competições aquáticas. A degradação por conta da poluição terminou com as atividades recreativas no rio.
Este cenário começou a mudar no início do século XX, com o crescimento urbano da região. Logo as cheias do rio Pinheiros, que antes inundavam áreas rurais, passaram a incomodar a população. Para evitar as enchentes foram iniciadas obras de retificação do rio, por volta de 1930. Além de reduzir os riscos de enchentes, estas obras tinham como objetivo direcionar as águas para o reservatório Billings, a fim de criar condições para a instalação da usina hidrelétrica Henry Borden.
O crescimento urbano não foi acompanhado da infraestrutura sanitária necessária. Na ausência de leis e controles ambientais, o rio Pinheiros se tornou destino dos efluentes industriais e esgotos domésticos, que descarregados em pequenos córregos ainda abundantes na região, acabavam desaguando no rio. Neste processo, o mesmo rio utilizado pelos atletas foi se transformando em um dos grandes problemas ambientais que a maior cidade do país enfrentaria durante as próximas décadas. Segundo dados da SABESP, atualmente, cerca de 290 indústrias e 400 mil famílias jogam seus dejetos no rio, além da poluição difusa, causada pelo carreamento pela água da chuva de substâncias oriundas da má varrição de rua, lixo não recolhido, entulho e poluição do ar que se deposita no solo.
A SABESP tem esperança que num futuro próximo as águas do rio Pinheiros possam ser novamente usadas para o consumo da população. Cabe a cada um de nós aprender com os erros. Se o crescimento urbano de São Paulo tivesse sido planejado e controlado muito provavelmente os rios não estariam tão poluídos e a população não estaria nessa situação. É necessário investir em saneamento, como já escrevemos aqui no blog: O QUE É SANEAMENTO BÁSICO? , Era uma vez um patinho feio na história do saneamento, O caos do setor de Saneamento no Brasil, Plano Municipal de Saneamento Básico – Até quando vamos prorrogar? e Privatizações no Saneamento – Qual a sua Opinião?. O futuro do rio Pinheiros está nas mãos dos governantes e da população, que deve cobrar ações concretas. Temos como exemplos cidades dos Estados Unidos e da Europa que já tiveram rios poluídos e hoje estão recuperados. A sociedade tem despertado para a importância dos rios, portanto, há esperança de um futuro melhor.