Imagem de capa: Imagem de Karl Egger por Pixabay
Quando William Morris Davis (1850-1934), geógrafo norte-americano considerado o “pai da geografia americana” idealizou seu modelo do “Ciclo Geográfico”, em que dividia os estágios da erosão em juventude, maturidade e senilidade, ele obviamente se baseou no próprio ciclo de vida humano.
O modelo de Davis é passível de uma série de críticas, mas é muito útil para entendermos a relação entre os rios e a erosão.
Mas, antes de seguirmos, temos de rever algo básico, que muitas pessoas não compreendem: não existe rio com água pura! Calma, não é que todos os rios já estejam poluídos pelo homem, apenas temos que lembrar que a água dos rios leva com ela uma série de outras coisas, como folhas, peixes e sedimentos (terra, areia …).
Assim, quando o rio “leva” sedimentos, ele está tirando esses sedimentos de algum lugar e levando para outro. Em outras palavras: ele retira os sedimentos das suas margens e do seu leito em um ponto e depois deposita em um ponto mais abaixo. Aqui entra o modelo de Davis e as fases da vida humana.
JUVENTUDE
Um rio, em seu trecho superior, em uma região com grande declividade, cheia de corredeiras e cachoeiras, é um rio em estágio de juventude.
Ele tem um escoamento torrencial, seu vale geralmente é bem encaixado nas montanhas e tem um formato parecido com um “V”.
Nesse estágio, assim como um jovem, o rio tem bastante energia e velocidade. Essa energia e velocidade fazem com que ele remova os sedimentos do seu leito e, aos poucos, vá aprofundando-o. Em alguns casos, isso leva à formação de cânions, como é o caso do famoso Grand Canyon.
MATURIDADE
Geralmente em seu trecho médio, o rio passa a ter uma declividade mais suave, com um vale mais largo. Como um homem de meia idade, já com algumas posses que lhe permitem ter uma casa maior (um vale mais largo) e que já não tem mais a mesma energia de antes, o rio entra em um estado de maturidade.
Na maturidade o rio tem menos energia do que na juventude. Nessa etapa, ele ainda retira sedimentos das suas margens e do seu leito, mas também começa a depositá-los. Nesse estágio, a tendência é que aos poucos o vale do rio seja preenchido com os sedimentos que ele carrega. Esse fato faz com que nessa etapa o leito do rio seja aluvional.
SENILIDADE
Nas planícies, geralmente litorâneas (próximo à foz), onde o rio já corre com menos velocidade, dizemos que o rio está em seu estágio de senilidade. Nesse estágio, a declividade do rio é muito baixa, ele tem uma velocidade pequena e pouca energia. A consequência é que ele não consegue mais transportar muitos sedimentos (apenas os mais finos ainda são carregados). Os sedimentos retirados nos trechos anteriores começam a se acumular no fundo do leito e nas margens, formando o que chamamos de “bancos de areia”.
A deposição de sedimentos torna o leito do rio mais sinuoso, fazendo com que nessa etapa o rio possua muitos meandros.
Claro que, em um rio, essas etapas podem ocorrer mais de uma vez e em diferentes ordens. Um rio pode percorrer um trecho com declividades médias e vales amplos, que consideraríamos de maturidade, para depois entrar em um vale encaixado e com grande declividade, que consideraríamos um trecho de juventude. Mas como todo homem que um dia irá encontrar seu fim, todo rio também encontrará sua foz.
Nossa muito bom , gostei . Explicação com clareza!
Essa comparação é ótima e didática, mas também gosto da minha: Um rio preservado é igual a Marilyn Monroe, cheio de energia, curvas e desafios.
Para conhecer e conquistar, é necessário muita persistência,dedicação e disposição.
Gostamos muito de rios!!!
Realmente uma bela comparação Ricardo… Abraço!