Vocês já devem ter ouvido falar nos Polders da Holanda, aqueles territórios que estão abaixo do nível do mar, protegidos por imensos diques e operados por bombeamento.
Essas estruturas estão entre as mais importantes técnicas clássicas da drenagem para controle de enchentes, utilizadas para proteger regiões baixas próximas a rios ou que sofrem influência da maré. Assim, regiões urbanas onde o rio antes extravasava, ou mesmo corria naturalmente, passam a estar “secas” para a ocupação humana.
Em muitos casos de ocupações consolidadas, a técnica de colocar um dique e transformar a região que alagava em uma área protegida, ou seja, em uma região de Polder, é a melhor solução para aumentar a segurança da população. Mas uma das desvantagens da construção de diques é que eles reduzem o tamanho do rio e assim podem provocar o aumento das cheias no rio. Se observarmos a figura abaixo, veremos que depois de construir o dique, o nível da água no rio fica mais alto, já que a água não pode mais extravasar para uma das margens.
Assim, quando a implementação de diques é feita sistematicamente ao longo de um grande trecho de um rio, trecho após trecho, essa “solução” pode virar um “problema”. Isso porque depois de algum tempo o nível da água pode ficar tão alto que os primeiros diques construídos não são mais suficientes para segurar a água.
Um caso emblemático existe na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro. Intervenções históricas instalaram diques ao longo de vários rios da região, sendo que um dos principais deles, o rio Iguaçu, possui diques em uma grande extensão de seu trecho final, antes de chegar à Baia de Guanabara. Isso criou a necessidade de construção de vários Polders na região, como podemos ver nessa imagem de satélite.
A ocupação irregular e sem planejamento, que tanto prejudica o sistema de drenagem, como já vimos em outros posts, resultou em uma série de problemas para a população local. As áreas que eram previstas para armazenar as águas de chuva, enquanto o rio Iguaçu estava muito cheio, foram ocupadas, reduzindo muito a capacidade dos reservatórios. Outros problemas, como a retirada de terra dos diques para aterros e a má manutenção das estruturas hidráulicas, tornou ineficiente essas obras, resultando em grandes alagamentos.
Após alguns estudos para tentar aliviar esses problemas, o Laboratório de Hidrologia da COPPE indicou uma solução muito simples. Devolver para o rio parte da área que antes alagava, possibilitando que ele se espalhe mais e diminua os níveis d’água durante uma cheia. Isso foi possível porque um polder existente em frente ao Polder do Outeiro, na margem esquerda do rio, não é ocupado, o Polder dos Meninos. Foi, então, prevista a retirada de parte do dique desse polder, possibilitando o alagamento de uma grande região sem uso.
Assim, junto com a retirada de casas construídas em áreas de risco e dentro dos reservatórios e obras de manutenção, foi possível prever um melhor funcionamento dos polders que protegiam áreas mais densas, como o Outeiro (aquele que aparece embaixo d’água na foto aí de cima).
Esse caso levanta um questão importante, que está sendo discutida na Europa: até que ponto podemos tomar parte do rio para nossa ocupação sem sofrermos as consequências disso?
Dessa pergunta nasceu um novo conceito de se pensar os rios, a Requalificação Fluvial, que é um tema extenso e será objeto de muitas discussões nossas aqui, em breve.
Você entendeu o que é um Polder? Se quiser pode ver um vídeo esquemático neste link: Funcionamento de um Polder
-
[…] leu nosso post “Quando a solução vira um problema…” deve lembrar que mencionamos a Requalificação Fluvial como uma nova visão sobre os rios, que […]
Deixe um Comentário
nao entendi nada oq eu kero saber num tem nada ver com isso tem como me responder a pergunta polderes de holanda como foi possivel construir ? vlw tente responder ate hj ainda pq se nao vo ficar com media baxa nesse bimestre obg
Boa tarde a todos, me interesso muito pelo assunto de drenagem, hidrologia em geral, sou tec. agrimensura e graduando eng. agrimensura, aqui em Belo Horizonte não encontrei nehuma especialização em hidrologia, alguem saberia me informar onde consigo uma especialização nessa área.
TEMA MUITO IMPORTANTE PARA UM ESCLARECIMENTO QUE TINHA .
ESTOU DESENVOLVENDO UM PROJETO SUSTENTAVEL A MARGEM DE UM RIO, MAIS PRECISAMENTE A QUINZE METROS DO LEITO DO RIO SEGUNDO A LEGISLAÇÃO FEDERAL DE MEIO AMBIENTE, POREM PRESERVEI TRES VEZES MAIS DESSA ÁREAS E ATUALMENTE ESTOU DESENVOLVENDO UM PROJETO ECOLOGIMENTE CORRETO, ESTOU ADOTANDO UMA ARQUITETURA COM MADEIRAS DE REFLORESTAMENTO E USANDO A TECNICA DE PALAFITAS DE MANAUS PRESERVANDO TODA A `^AMINA DE SOLO NATURAL NO ENTORNO DO RIO.
TODO O SISTEMA DE INFRA ESTRUTURA, ESGOTO, AGUA E ENERGIA SERÃO AUTOSUSTENTÁVEL.
A SUA MATERIA FOI MUITO ESCLARECEDORA GOSTEI.
CORDIALMENTE
JOSELITO ROQUE SANTOS
ARQUITETURA
Boa iniciativa Joselito,
continue empreendendo com responsabilidade. Pode encontrar ótimas técnicas de Desenvolvimento de Baixo Impacto (LID – Low Impact Development) no site da EPA (US – Environmental Protection Agency).
Agradecemos o comentário e a participação. Um Abraço.