Em um trabalho que estava fazendo nesta semana, precisei fazer uma pesquisa sobre um rio de São Gonçalo, município do Estado do Rio de Janeiro. Ao “navegar” pelas margens desse rio, que é extramanete poluído e sofre frequentemente com as enchentes de verão, me deparei com uma placa onde estava escrita a seguinte frase “Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro”. Achei a frase muito interessante, o que me motivou a escrever este post sobre qualidade de água.
No post “Chuveirinho na praia, refresco o dor de cabeça” falamos sobre enquadramento de corpos d’água e explicamos que ele é feito baseado nos usos mais preponderantes da água. No enquadramento, os corpos hídricos são dispostos em classes e para cada uma das classes existem parâmetros limites de qualidade de água. Muitos parâmetros são utilizados, entre eles pode-se destacar a DBO, o Nitrogênio, o Oxigênio Dissolvido, a Matéria Orgânica, entre outros.
A matéria orgânica presente nos corpos d’água e nos esgotos é uma característica de extrema importância, sendo o principal indicador de poluição das águas.
Os principais componentes orgânicos são os compostos de proteínas, os carboidratos, a gordura e os óleos, além da ureia, surfactantes, fenóis e pesticidas, encontrados principalmente nos despejos de cozinhas, vasos sanitários, entre outros.
A DBO configura-se como a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbias. Em outras palavras, é a quantidade de oxigênio dissolvido no corpo hídrico que foi consumida pelos organismos aeróbios ao degradarem a matéria orgânica. A equação simplificada da estabilização da matéria orgânica (MO) é:
Matéria orgânica + O2 + bactérias = CO2 + H2O + bactérias + energia
A DBO reflete principalmente os despejos predominantes de origem orgânica, sendo um importante parâmetro para avaliação da carga poluidora. A queda nos níveis de oxigênio tem impacto estendido a toda comunidade aquática, e cada redução nos teores de oxigênio dissolvido é seletiva para determinadas espécies, como pode ser visto na tabela abaixo:
A presença de alto teor de matéria orgânica pode induzir até mesmo à completa extinção do oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida.
Para a população, o conhecimento da DBO, assim como os outros parâmetros de qualidade de água, ajuda na compreensão das consequências do mal uso dos recursos hídricos. No caso da DBO, ela apresenta altos valores onde há lançamento de esgoto in natura. O constante lançamento de esgoto impede o processo de autodepuração dos rios, fazendo com que o problema de poluição seja irreversível.
Para os órgãos públicos, o conhecimento da DBO é necessário para desenvolvimento de projetos e programas que visem à preservação do ecossistema e garantam os usos do corpo hídrico, como por exemplo, o abastecimento de água, a pesca e a recreação. Assim, evitando que no futuro não tenhamos que comer dinheiro.