Foto de capa: Foto de Chaucharanje no Pexels
Como meu grande amigo Rodrigo Amaro comentou no ultimo post, apenas 1% do consumo de água é proveniente do que gastamos em nossas casas. Aí perguntamos: “Se o consumo residencial é tão pequeno, por que eu tenho que economizar água na minha casa?”
Um dos grandes problemas é que, morando na cidade do Rio de Janeiro, não dá para beber água e lavar a louça com a água do rio Amazonas. Ou seja, onde existe grande disponibilidade de água não existe um grande mercado consumidor da mesma, e onde existe um grande mercado consumidor de água não necessariamente existirá uma grande oferta.
Para levar a água que está sobrando em uma região para outra em que está faltando, são necessárias obras caras e complexas (como ocorre na transposição da água do Paraíba do Sul para abastecer a cidade do Rio de Janeiro). Dessa maneira, a opção que nos resta é poupar e usar com cautela a água disponível junto a nossa cidade. Para isso, devemos economizar água em nossas residências…
Isso leva a outra pergunta interessante: Quais residências devem economizar mais água?
Uma pesquisa realizada em Belo Horizonte (MG) por pesquisadores da UFMG e do IBGE, mostrou que a parcela mais rica da população da cidade consome 50% mais de água do que a parcela mais pobre. Assim, em BH um cidadão de classe A consome cerca de 174 litros de água por dia em sua residência, já um cidadão de classe C consome 129 litros, enquanto os da classe D ou E consomem apenas 113 litros.
Podemos concluir então, que se todos os moradores de BH consumissem água como os de classe A, o consumo de água da cidade subiria mais de 30%.
Agora, imagine se todos chegarem ao nível de consumo dos EUA, onde a média nacional do uso de água per capita foi de quase 700 litros por dia, em 1990, segundo o documento Per Capita Water Use.
A água, como todo bem de valor econômico, é principalmente consumida por quem pode pagar por ela e, como em toda situação de desperdício, quem gasta mais deve economizar mais!
Prezados especialistas,
Primeiro parabéns pelo site e sobretudo pelo post. Aproveitando a oportunidade, acredito ser fato comum que o consumo per capita de água por parte da população classe A e B seja majoritária em relação as classes D e E por exemplo. Mas será que tal diferença também não estaria um tanto distorcida, tendo em vista a dificuldade do poder público em medir o consumo de água dessas famílias em áreas periféricas da cidade? Estive recentemente fazendo parte de uma equipe de obras para contenção de encosta nas comunidades carentes dos morros cariocas e o cenário de desperdício era evidente. Porém tal consumo, como percebi era sem nenhum lastro de medição por parte da concessionária de abastecimento.
Evidencia-se que parte desta população consume muita água, e diga-se por ora, com muito desperdício sim!
Boa Tarde Pierre,
Se você dar uma olhada no artigo em que foi publicado a pesquisa citada no post ira perceber que foram tomadas as devidas precauções com a analise de dados. Além disso, esse resultado reflete o consumo mundial de água, onde países com maior PIB têm o consumo individual per capita maior.
O maior consumo das classes com maior poder aquisitivo geralmente é reflexo de casas maiores, com mais banheiros, com uma cozinha maior, mais jardins e piscinas. Além de que o valor da água pesa mais no orçamento dos mais pobres.
Abraço!
Só um adendo sobre a tarifação social… é importantíssima!! Tanto que nas conferências sobre meio ambiente, em especial Estocolmo 1972, os países de “terceiro mundo” defendiam que apenas os países ricos reduzissem suas emissões e utilização dos recursos, devido regime de exploração que foram forçados durante séculos. Estão certos? Em partes… Claro que um erro não justifica o outro, porém é evidente que os que mais destruiram e mais consomem os recursos devem ser os mais responsabilizados.
Outro exemplo: na Espanha, as pessoas que moram de frente para o mar pagam quase o preço do apartamento de impostos. Todo mundo quer morar de frente para o mar, mas nem todos podem. Mas os que podem devem “compensar” os que não podem por esse benefício. Simples!!
Iria mais longe ainda, chegando a importância da socialização dos recurso, como um bem comum. Afinal, quem é o dono?? Quem chegou primeiro é o dono?? E quem foi retirado, não chegou primeiro?? Ou seja, não tem dono… Ou todos são donos?!? confuso… bom, fica a dica para uma próxima discussão…
Quem gasta mais deve não apenas economizar mais como pagar mais também!! Não só com a água, mas se todos tivéssemos o consumo de recurso naturais dos norte americanos, seria necessárias 20 planetas para nos sustentar. Um absurdo… Gandhi foi fantástico na luta por igualdade!! A brilhante frase da legenda da ilustração demonstra sua filosofia de vida, que incluía comer apenas o básico, se vestir com o que ele mesmo costurava, viver em uma casa humilde junto aos pobres, que ele defendia. Sua justificativa: “enquanto houver uma única boca com fome, corpo sem roupa ou pessoa sem teto, não há porque eu me dar qualquer luxo superior”. Isso pregava tb Cristo, Buda, São Francisco de Assis, e tantos outros mestres. Será que um dia chegaremos aos seus pés destes??
Valeu Rodrigo! Daqui a pouco não vou mais precisar escrever posts, vou só usar seus comentários!
Talvez nunca cheguemos aos pés desses caras, mas não é por isso que devemos parar de tentar…
Grande Abraço!
Concordo!
Valeu Fabiana!
Bjus e Feliz Páscoa!
Isso aí Matheus. Acrescentaria duas coisas. A importância da indústria e do agronegócio em otimizar seu consumo, investindo em eficiência hídrica, assim como fazem com a energia, e também a importância da tarifação social, de forma a garantir que os primeiros metros cúbicos de água tenham uma tarifa menor, já que rico talvez não tome mais água que pobre, mas deve tomar mais banhos de piscina…
Valeu pelas informações André! Tarifação social já estava na lista para ser tema de um próximo post!
Abraço e Feliz Páscoa!