em Meio Ambiente, Não categorizado, Políticas públicas

O conceito de risco possui uma infinidade de definições, dependendo da área disciplinar a que se aplica, podendo ser destacado os riscos econômicos, sociais, industriais, tecnológicos, naturais e ambientais. Zonensein (2007) relaciona as seguintes definições de risco para diferentes aplicações:

  • Estatística – o risco está relacionado à probabilidade de ocorrência de um evento superior a um evento específico;
  • Economia – o risco econômico relaciona-se com a volatilidade ou variabilidade de um esperado retorno financeiro, no âmbito de um investimento;
  • Engenharia – o risco apresenta-se como função de duas variáveis: a probabilidade de ocorrência de um evento e os danos potenciais causados por esse evento.

Para ter uma ideia da grande gama de possíveis definições do termo risco, olha só essa listinha que o Kelman (2003) elaborou, apenas com definições publicadas ao longo da década de 1990:

  1. Risco é definido como as perdas esperadas (de vida, pessoas afetadas, danos à propiedade e interrupação da atividade econômica) devido a um perigo particular para uma dada área em um tempo de referência. Baseado em cálculos matemáticos, o risco é o produto de perigo e vulnerabilidade (UM DHA, 1992, apud Kelman, 2003).

  2. Risco Total = Impacto do perigo X Elementos em Risco X Vulnerabilidade dos elementos em risco (UNESCO, , apud Kelman, 2003).

  3. Risco = Perigo X Vulnerabilidade X Valor (da área ameaçada) / Prevenção (DE LA CRUZ-REYNA, 1996, apud Kelman, 2003).

  4. Risco é a exposição atual de alguma coisa de valor humano a um perigo e é, frequentemente, considerado como a combinação de probabilidade e perda (SMITH, 1996, apud Kelman, 2003).

  5. Risco = Probabilidade X Consequências (HELM, 1996, apud Kelman, 2003).

  6. Risco pode ser definido de forma simples como a probabilidade de ocorrência de um evento indesejável, porém, pode ser melhor descrito como uma probabilidade de um perigo contribuir para um desastre potencial. Necessariamente, deve envolver a consideração da vulnerabilidade no perigo (STENCHION, 1997, apud Kelman, 2003).

  7. Risco é a probabilidade de perda, a qual depende de três elementos: perigo, vulnerabilidade e exposição. Caso qualquer um desses elementos aumente ou diminua, o riso aumenta ou diminui, respectivamente (CRICHTON, 1999, apud Kelman, 2003).

  8. O Risco Total significa o número esperado de vidas perdidas, pessoas afetadas, danos à propriedade e interrupção de atividades econômicas devido à ocorrência de um fenômeno natural particular e, consequentemente, o produto do risco específico e elementos em risco. O Risco Total pode ser expressado como: Risco(total) = Perigo X Elementos em Risco X Vulnerabilidade (GRANGER et al, 1999, apud Kelman, 2003).

  9. Risco é a combinação da possibilidade de um determinado evento com o impacto que esse evento poderia causar, caso ocorresse. Portanto, o risco possui dois componentes: a possibilidade (ou probabilidade) de um evento ocorrer e o impacto (ou consequência) associada à ocorrência desse evento. A consequência de um evento pode ser tanto desejável, quanto indesejável. Em alguns, mas não em todos os casos, uma medida única conveniente da importância do risco é dada por: Risco = Probabilidade X Consequência (SAYERS et al, 2002, apud Kelman, 2003).

De uma forma geral, para a comunidade científica, a definição usualmente mais adotada é o risco sendo o produto de um perigo e suas consequências, como pode ser observado na grande maioria das definições acima. Assim, a observação das definições de risco apresentadas mostra que na maioria das interpretações, dois elementos se destacam como mais importantes: o perigo e a consequência. Dessa forma, pode-se expressar o risco basicamente por:

RISCO = PERIGO X CONSEQUÊNCIA

Para o campo dos estudos das inundações urbanas, o perigo será função da probabilidade de ocorrência da inundação, sendo que a consequência dependerá da magnitude da inundação, como a profundidade de alagamento, a velocidade dos escoamentos e a duração do evento e, ainda, da vulnerabilidade local, que será determinada por fatores físicos, sociais, econômicos e ambientais, os quais podem intensificar a susceptibilidade de uma dada comunidade aos impactos de determinado perigo.

F075aDessa forma, em nossos estudos e trabalhos, consideramos o risco de inundação como:

Risco de inundação = probabilidade de ocorrência X severidade das consequências

Sendo a severidade das consequências da inundação dependente de quão vulnerável está a população em risco (CIRIA, 2010). O perigo associado a um evento de cheia fluvial advém da ocorrência de uma chuva intensa, capaz de ocasionar escoamentos superficiais superiores à capacidade hidráulica da calha fluvial, resultando no extravasamento das águas para as planícies marginais que, quando ocupadas, caracterizam o evento de inundação. Por sua vez, a ocorrência das chuvas pode ser associada a uma probabilidade, através de estudos estatísticos, definindo tempos de recorrência para diversos eventos de precipitação, que, por sua vez, relacionam-se com a frequência que esse evento pode ser igualado ou superado em um dado ano.

Hoje, adotamos a decomposição do risco em parcelas elaborada pela UNESCO, apresentada no esquema a seguir:

As componentes do risco de inundações (Adaptado de SAYERS et al, 2013)

As componentes do risco de inundações (Adaptado de SAYERS et al, 2013)

Mapeamento_inundação_5Para o mapeamento de riscos, a AquaFluxus utiliza o MODCEL, uma ferramenta de modelagem matemática capaz de realizar simulações hidrológicas e hidrodinâmicas de eventos de inundações. A partir dos resultados dessas simulações, que indicam as parcelas referentes ao perigo (altura, velocidade e duração de alagamento), são sobrepostas informações socioeconômicas espacializadas, quando existentes, que indicarão a exposição e a vulnerabilidade do sistema. O cruzamento disso tudo resultará no MAPA DE RISCO DE INUNDAÇÕES, que pode ser usado para auxílio na tomada de decisões sobre os investimentos mais adequados para a mitigação de danos.

Parte da mancha de inundação para a cidade de Nova Friburgo, elaborada com MODCEL. Plano Municipal de Saneamento Básico, 2014. Fonte: LHC/COPPE - PMNF.

Parte da mancha de inundação para a cidade de Nova Friburgo, elaborada com MODCEL. Plano Municipal de Saneamento Básico, 2014. Fonte: LHC/COPPE – PMNF.

Referências nesse texto:

  • CIRIA, 2010, Flood resilience and resistance for critical infrastructure, C688, Project RP913, Londres, 130p.
  • ZONENSEIN, J. (2007). Índice de Risco de Cheia como Ferramenta de Gestão de Enchentes. Dissertação de M.Sc., COPPE/UFRJ, Engenharia Civil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 105 p.
  • KELMAN, I. 2003. “Defining Risk”. FloodRiskNet Newsletter, issue 2, Winter 2003, pp. 6-8. Disponível em: <http://goo.gl/yOR5RA> Acessado em: 04/07/2016.
  • SAYERS, P.; LI Y.; GALLOWAY, G.; PENNING-ROWSELL, E.; SHEN, F.; WEN, K., CHEN, Y. e LE QUESNE, T., 2013. Flood Risk Management: A Strategic Approach. Paris, UNESCO.

Para quem quiser ler mais sobre o tema riscos de inundação, sugiro os seguintes textos:

Sobre riscos e perigos…

Gestão de risco e desastres

Quando morar é o menor dos riscos…

Quando devemos correr riscos?

Valeu… abraços.

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