Foto de capa: Foto de Eva Elijas no Pexels
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Depois de um pouco mais de 3 anos da tragédia de Mariana-MG, vimos na última sexta-feira, dia 25 de janeiro de 2019, outro caso de ruptura de barragem de rejeitos. Apesar do menor volume de rejeitos da Barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho (MG) – 12,7 milhões de m³- quando comparado com a Barragem do Fundão – 50 milhões de m³ – o número de mortos já ultrapassa e muito o da tragédia de Mariana, quando morreram 19 pessoas. No momento da ruptura, cerca de 200 funcionários da mina estavam almoçando no refeitório que fica, segundo informações da Vale, a cerca de 1,6km da barragem que rompeu. Até o momento, já são 99 mortes confirmadas. Esse total deve aumentar pois o número de desaparecidos chega a 259. É muito triste! Isso sem mencionar os impactos ambientais dessa tragédia e as consequências que vem depois de um trauma dessa proporção, como depressão e suicídio.
Ainda não se sabe a causa do rompimento. Há também divergência quanto ao número de barragens rompidas. Segundo a Vale, apenas a Barragem 1 se rompeu e outra transbordou ao receber o excesso de material da primeira. O Corpo de Bombeiros afirma que a onda de cheia provocada pelo rompimento da primeira barragem sobrecarregou outras duas barragens a jusante, que romperam em seguida. A Barragem 1, a primeira a romper, começou a ser construída em 1976 e tinha 86 m de altura. A barragem foi construída pelo Método de alteamento a montante, um método simples, barato e pouco seguro, com grande risco de acidentes. Um dos fatores que fazem desse método pouco seguro é a complexidade de execução e monitoramento do sistema de drenagem e filtro. É o mesmo Método utilizado na barragem de Fundão e em muitas outras barragens de rejeitos no Brasil.
Espera-se que essa tragédia sirva de exemplo para outros operadores de barragens, para que tomem as devidas providências, façam o correto monitoramento e manutenção das estruturas, cumpram a Lei de segurança de barragens (leia: O QUE VOCÊ SABE SOBRE O PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM? LEI 12.334/2010) e a Portaria da ANM (leia: PORTARIA DNPM Nº 70.389/MAIO DE 2017 e BARRAGENS DE MINERAÇÃO E SUAS OBRIGAÇÕES).
O barato sai caro! A escolha de um método com alto risco de acidentes, de estudos baratos e sem qualidade resultou em danos irreparáveis. Infelizmente, quem paga o preço mais caro são aqueles que não tinham o poder da escolha ou desconheciam os riscos.
A AquaFluxus escreveu alguns posts sobre segurança de barragens, quem se interessar pelo assunto pode encontrar os textos pelos links abaixo:
EM PAUTA: O DEBATE SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGEM
A BACIA DO RIO DOCE UM ANO APÓS O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO
MODELAGEM HIDRODINÂMICA DA ONDA DE CHEIA DECORRENTE DA RUPTURA DE BARRAGEM
MODELAGEM DA ONDA DA RUPTURA DE BARRAGEM
PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA – QUANDO O DESASTRE ACONTECE.
BARRA PESADA: OS DESAFIOS PARA ENFRENTAR RUPTURAS DE BARRAGENS
ESPECIALISTAS DISCUTEM O DESASTRE DE MARIANA E A SEGURANÇA DE BARRAGENS NO BRASIL