Devido à atual situação de escassez de água, ultimamente o termo segurança hídrica tem sido bastante citado na mídia. Já falamos em outros textos aqui da importância deste recurso tão essencial à sobrevivência. Apesar de sua extrema importância, a água tem sido constantemente subvalorizada, o que resulta em desperdício e uso excessivo deste recurso.
Nos últimos anos a consciência global está mais atenta diante da necessidade de medidas urgentes no que concerne à segurança hídrica. Como exemplo disso, no ano passado a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ministério da Integração Nacional apresentaram o Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH). O Plano teve como objetivo definir as principais intervenções estruturantes e estratégicas de recursos hídricos para todo o País, necessárias para garantir a oferta de água para o abastecimento humano e para o uso em atividades produtivas, assim como reduzir os riscos associados a eventos críticos de cheias e de secas. Além disso, o plano busca criar um ambiente em que os setores envolvidos com a utilização da água possam se articular e planejar suas ações de maneira racional e integrada.
Mas você sabe o que significa Segurança Hídrica?
Segurança hídrica significa garantir que ecossistemas de água doce, costeira e outros relacionados sejam protegidos e melhorados; que o desenvolvimento sustentável e a estabilidade política sejam promovidos; que cada pessoa tenha acesso à água potável suficiente a um custo acessível para levar uma vida saudável e produtiva, e que a população vulnerável seja protegida contra os riscos relacionados à água.” (definição da Declaração Ministerial do 2º Fórum Mundial da Água, realizado em 2000)
A Declaração Ministerial listou sete “desafios principais” à consecução da segurança hídrica:
- Satisfação das necessidades básicas
- Garantia do abastecimento de alimentos
- Proteção aos ecossistemas
- Compartilhamento de recursos hídricos
- Gerenciamento de riscos
- Valorização da água
- Controle racional da água
Este termo é de extrema importância para os setores sociais e econômicos e tornou-se um dos grandes desafios das organizações, tanto nacionais quanto internacionais. Além de garantir a oferta de água de qualidade para o abastecimento humano e para as atividades produtivas em situações de seca ou desequilíbrio entre a oferta e a demanda, a segurança hídrica também abrange as medidas relativas aos problemas de cheias e à redução dos riscos referentes aos eventos críticos.
Segundo o especialista em Recursos Hídricos da ANA, Marcos Neves, um dos maiores desafios para construir um ambiente de segurança hídrica no Brasil é a integração entre a Política Nacional de Recursos Hídricos e as políticas setoriais (indústria, energia, transporte, saneamento e irrigação).
Diante da má gestão da água, do crescimento sem controle das grandes cidades e da falta de saneamento adequado, nossos rios estão se deteriorando e a água potável está cada vez mais escassa. Portanto, é preciso colocar em prática ações que mudem esse cenário, como por exemplo reduzir as perdas no sistema de abastecimento, promover o reuso das águas cinzas e o aproveitamento da água da chuva, a recuperação dos rios e córregos, a revisão dos padrões de consumo agrícola, industrial e doméstico, produzindo mais com menos água, entre outras.
É preciso que a sociedade civil se una a fim de alertar, propor e cobrar ações mais concretas dos governantes. É necessário inovar, mudar paradigmas e buscar soluções mais sustentáveis. Em São Paulo há uma rede chamada Aliança pela Água, formada por mais de 40 entidades da sociedade civil. A rede começou em outubro de 2014 e tem como um dos objetivos apresentar propostas que promovam a segurança hídrica de São Paulo. Que possam surgir mais redes assim pelo Brasil e que haja um verdadeiro engajamento da sociedade civil, cientistas e governantes na busca pela segurança hídrica!
Até o próximo post!
Olá Ana, parabéns pelo post! Gostaria apenas de comentar a parte “má gestão da água”. Como foi tirada essa conclusão? O termo gestão se referia a gestão do seu uso ou da sua distribuição? Quais os critérios para alegar se essa gestão é “boa” ou “má”? Eu sei que esse debate pode ser complicado para ser desenvolvido em um post, mas queria apenas apontar algo que não foi mencionado aqui: a falta de transparência. A Sabesp é uma empresa mista, sendo o acionista majoritário o próprio governo do estado de São Paulo. Quem faz então o papel de regulador? Bem, fico por aqui. Abraços e continuem com suas ótimas publicações!
Olá André!! Obrigada pela visita! Respondendo rapidamente sua pergunta, a falta de transparência já é uma das características da má gestão. Quem faz o papel de regulador em São Paulo, desde 2010, é a ARSESP (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo). Se tiver interesse, temos vários outros textos que comentam a atual situação de escassez hídrica em São Paulo no Blog.
Coloco aqui alguns links:
Sistema Cantareira: já passou da hora de fechar a torneira! – http:http://216.172.161.45/~aquaf450//?p=5951
Quem falha em planejar, planeja falhar – http:http://216.172.161.45/~aquaf450//?p=5326
A atual crise hídrica e política do Sudeste – http:http://216.172.161.45/~aquaf450//?p=4730
Chove, mas ainda falta água – http:http://216.172.161.45/~aquaf450//?p=5924
De quem é a culpa da falta de água? – http:http://216.172.161.45/~aquaf450//?p=5681
Abastecimento de água: Quando o investimento deve ir além do lucro. – http:http://216.172.161.45/~aquaf450//?p=5699