O verão 2013/2014 chegou sem grandes novidades, por mais que as notícias tratem a forte onda de calor no Rio de Janeiro e as severas tempestades que deixaram boa parte do estado do Espírito Santo debaixo d’água. Basta uma pausa para pesquisar na memória ou, para quem precisa daquela dose diária de Ginkgo Biloba, é só pesquisar no Google mesmo e veremos que calor e chuva no verão é regra para o sudeste do Brasil.
A página eletrônica Wikipédia apresenta, em um artigo sobre Inundação, uma lista indicando as maiores inundações ocorridas no Brasil:
- Minas Gerais e Espírito Santo – Dezembro de 2013
- Rio de Janeiro (região serrana) – Janeiro de 2011
- São Paulo – Janeiro de 2011
- Alagoas e Pernambuco – 2010
- Rio de Janeiro – Abril de 2010
- São Luiz do Paraitinga – 2010
- Santa Catarina – Novembro de 2008
- Barragem de Camará, Paraíba – 2004
- Minas Gerais – 2001
- Acre – 1997
- Rio de Janeiro – 1988
- Blumenau – 1983
- Minas Gerais e Espírito Santo – 1979
- Cuiabá – 1974
- Santa Catarina – 1974
- Rio de Janeiro – 1966 e 1967
- Porto Alegre – 1941
- Blumenau – 1911
Considerando essa lista, que apresenta 21 grandes eventos de inundação em 102 anos, uma análise simplista nos leva a uma frequência de uma inundação a cada quase 5 anos. Porém, se separarmos a lista em dois séculos, teremos 9 eventos no século XX, em 90 anos desde a inundação de Blumenau (1911), e 11 eventos ocorridas nos 13 primeiros anos do século XXI. Isso mostra como estamos cada vez mais susceptíveis às perdas provocadas por essas grandes enchentes.
A tendência atual é culpar as mudanças climáticas, mas acredito que a principal causa desse aumento na frequência de inundações nas cidades é o péssimo planejamento urbano que adotamos, com uma prática de ocupação do solo sem qualquer consciência sobre os impactos que podemos causar nos ciclos naturais da água.
O que está acontecendo é que estamos, cada vez mais, tornando nossas cidades mais vulneráveis às inundações, expondo mais pessoas e mais bens e intensificando os volumes de escoamento superficial. Essa mudança na dinâmica das águas pluviais terá impacto na frequência dos eventos de inundação e não na frequência dos eventos hidrológicos. Por isso, podemos diminuir o tempo de retorno de uma inundação, ou seja, torná-la mais frequente, sem haver qualquer implicação de alterações nos regimes hidrológicos… Não entendeu? Prometo voltar nesse assunto em um texto futuro!
Soluções para isso? Existem muitas!! A primeira delas deve ser encarar com seriedade um melhor planejamento territorial e a gestão do uso do solo.
Aqui nos textos do Cidade das Águas sempre buscamos apresentar algumas boas técnicas para reverter e mitigar os problemas causados pela alteração do meio ambiente natural para o crescimento das nossas cidades. Se tiver curiosidade, pode pesquisar no nosso histórico, tem muita coisa legal exposta aqui.
No próximo texto vou falar um pouco sobre os Parques Fluviais e seu papel no controle das inundações!
Grande abraço
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