O conceito de risco possui significado variável, de acordo com o contexto em que está inserido, variando do social ao ambiental, passando até mesmo pelo econômico.
No campo da engenharia, o risco está relacionado tanto à probabilidade de ocorrência de um evento, quanto à expectativa de perdas causadas por ele. Assim, o risco estaria dividido em dois componentes básicos: um que se refere à probabilidade de ocorrência de um evento e outro, relativo às suas consequências, como esquematizado na figura abaixo.
Recentemente, foi desenvolvida uma pesquisa, na COPPE/UFRJ, que tratava de risco de cheias. O trabalho, que culminou na dissertação de mestrado da Engenheira Civil Juliana Zonensein (2007), trouxe uma ferramenta muito útil para a nossa área de trabalho: o Índice de Risco de Cheia, ou simplesmente, IRC.
O IRC é uma ferramenta simples de análise multi-critério e pode ser usado como ferramenta de suporte à decisão, ao permitir comparação quantitativa entre zonas críticas, útil na hierarquização de obras e na justificativa de alocação de investimentos públicos; e comparação quantitativa de soluções ou cenários para uma mesma região, podendo viabilizar estimativas do impacto do desenvolvimento da bacia de inundação ou servir de auxílio na elaboração de plano diretor de drenagem.
O IRC foi proposto segundo uma formulação ponderada mista, composta tanto por um somatório quanto por um produtório. Assim, ele é, portanto, formado por dois sub-índices, que representam as propriedades da inundação, associadas a uma probabilidade de ocorrência específica e as consequências, e cujo produto ponderado resulta no risco. Cada um deles tem efeito diferenciado sobre o risco final e, portanto, está associado a um peso. A fórmula abaixo representa esta relação:
Onde:
IRC: índice de risco de cheia variável entre 0 (menor risco) e 100 (maior risco)
PI: sub-índice variável entre 0 e 100, relativo às propriedades da inundação para uma chuva de tempo de recorrência determinado
C: sub-índice relativo às consequências da cheia, variável entre 0 e 100
qPI, qC: pesos correspondentes às propriedades da inundação e às consequências, respectivamente, atribuídos em função da importância do sub-índice para o risco final.
Esta ferramenta, extremamente útil, evita que as análises de risco de inundações continuem sendo feitas de forma subjetiva, apenas pela simples identificação de zonas críticas. Assim, não só as propriedades das enchentes, como também as características sócio-econômicas da população e da região em estudo são levadas em consideração.
O trabalho completo, desenvolvido pela Mestre Juliana Zonensein, pode ser consultado aqui.
A Aquafluxus espera, com esta divulgação, sensibilizar os tomadores de decisões para o uso deste índice em projetos na área da drenagem urbana.