em Meio Ambiente, Recursos Hídricos

O post de segunda-feira (quem não leu, vale a pena ler aqui) tinha o título: Alagar para não inundar. Posso apostar que algumas pessoas, ao se depararem com este título, ficaram um pouco confusas, e algumas até pensaram: mas não é a mesma coisa?

A resposta é não!

 

Enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos têm significados um pouco diferentes e o objetivo deste post é tentar esclarecer melhor cada um deles. Claro que existem definições diversas e a intenção não é determinar o conceito exato, mas elucidar.

A figura abaixo apresenta um esquema de uma seção de rio em área rural. Podemos observar a calha principal do rio, que é onde correm as águas durante todo o ano. Quando ocorre uma forte chuva a calha principal do rio, também chamada de leito menor, não tem capacidade suficiente para escoar o fluxo, então ocorre o transbordamento e as águas passam a ocupar a calha secundária, ou leito maior. O leito maior é usado para expansão do escoamento fluvial durante as chuvas ordinárias, com tempo de recorrência em torno de 2 anos. A elevação do nível d’água dentro do rio, resultante de precipitações sobre a bacia, é chamada de cheia fluvial. Quando ocorrem chuvas mais intensas, a água do rio pode transbordar para as planícies marginais, ocasionando uma enchente. Este fenômeno é natural, mas pode ser agravado pela ação do homem.

Quando este fenômeno natural ocorre em áreas onde há ocupação, ocorre a inundação, como pode ser visto na figura abaixo. Com a impermeabilização das áreas urbanas, o escoamento superficial é maior e, consequentemente, o volume de água que chega ao rio também, provocando uma inundação de maiores proporções. Como a planície marginal e, em muitos casos, até o leito maior do rio estão ocupados, o risco (veja o post Sobre riscos e perigos…) também é maior.

Já os alagamentos são ocasionados pelo acúmulo de água na superfície urbana e, na maioria das vezes, ocorrem por falhas no sistema de microdrenagem (veja o que é a microdrenagem nos textos Microdrenagem e Macrodrenagem – os subsistemas característicos da drenagem urbana e Macro e microdrenagem).

As enxurradas são escoamentos superficiais provocados por chuvas intensas em bacias com curto tempo de concentração (não sabe o que é tempo de concentração, saiba aqui!) e com elevada declividade. Elas ocorrem devido ao rápido acúmulo de águas na calha principal do rio, o que causa acréscimo na velocidade das águas.  Essa situação por si só aumenta o poder de destruição do escoamento. E para piorar, muitas vezes estão associadas ao movimento não só de água e sim água, terra, pedras, pedaços de troncos e tudo que aparecer no caminho, criando um movimento de massa ainda mais destruidor. Podem ocorrer em áreas rurais e também urbanas. Obviamente, são mais severas e trazem maiores riscos em áreas com grande nível de ocupação e impermeabilização.

É isso! Espero ter esclarecido um pouco cada termo.

Até o próximo post! 🙂

 

 

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Mostrando 9 comentários
  • João Ricardo
    Responder

    Estou pensando em me mudar para Joinville, fico com receio por causa das inundações e alagamentos… mas fazendo uma pesquisa, percebi que esses eventos estão acontecendo frequentemente em muitas das principais cidades brasileiras… inclusive cidades de medio e pequeno porte…

    • Osvaldo Moura Rezende
      Responder

      Realmente, amigo João Ricardo! Os problemas de inundações não são exclusividade de grandes centros urbanos, mas atinge todas as cidades estabelecidas próximas a corpos hídricos. Boas gestões urbanas, com sérias políticas públicas de redução dos riscos, podem mitigar tais problemas e a melhor hora de começar isso é quando as cidades ainda são pequenas. Controlar o uso do solo, mapear os riscos e instituir ações de médio e longo prazo para a gestão do risco de inundações são parte dos passos para construção de cidades mais resilientes!

      Agradecemos a participação aqui!

      Grande abraço

  • FERNANDO HENRIQUES
    Responder

    tema muito bom para defesa civil.
    grato
    Fernando DEFESA CIVIL DE iTU

    • Ana Caroline Pitzer Jacob
      Responder

      Fernando, obrigada pela visita ao nosso blog. Esperamos que você encontre outros textos interessantes. Abraços.

  • Eliézer Cláudio
    Responder

    Parabéns pelo post! ;D

  • Valdinei santos
    Responder

    Ótimo, explicação explicita e de fácil entendimento!

    • Ana Caroline Pitzer Jacob
      Responder

      Que bom que gostou, Valdinei! Ficamos felizes com o comentário e com sua visita ao Blog. Você é muito bem vindo!!

  • David Marques
    Responder

    Muito bom!

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