In Meio Ambiente, Políticas públicas, Recursos Hídricos

No último encontro do Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, tive o prazer de conversar com o especialista em recursos hídricos da Agência Nacional de Águas – ANA, o Engenheiro Civil Dr. João Augusto de Pessôa. Nessa oportunidade, fui apresentado à Ferramenta de Rasterização de Séries Temporais – FRST, desenvolvida pelo Dr. Pessôa para facilitar a análise de padrões hidrológicos regionais, criando uma plataforma visual e de fácil percepção.

O Módulo – Identidade Pluviométrica do FRST combina informações de séries históricas de diferentes postos pluviométricos no Brasil com um mapa georreferenciado, possibilitando uma rápida avaliação regional. A partir de uma série histórica de precipitação, é criada uma matriz de cores, que representam as chuvas, onde o eixo x apresenta a evolução anual e no eixo y são dispostas as informações diárias. Cada dia chuvoso é colorido em azul, enquanto os dias que não houve precipitação recebem a cor amarela.

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Padrão de dias chuvosos para a Matriz da Identidade Pluviométrica (Fonte: ANA)

Na lateral de cada linha, que representa um dia do ano, são dispostas as médias de longo termo, considerando todos os dados existentes. Nas barrinhas laterais, com as médias, também é adotado um padrão de cores, separando o ano em grupos de precipitação total de 500mm. Dessa forma, a cada 500mm acumulados ao longo do ano, as barrinhas são coloridas em tons de azul diferentes. Veja como fica na imagem abaixo, no lado direito da matriz.

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Médias diárias de longo termo na Matriz da Identidade Pluviométrica (Fonte: ANA)

Adicionalmente, é montada uma matriz similar ao lado, porém, com o objetivo de apresentar as chuvas intensas. Foi adotada a mesma lógica de padrão de cores, sinalizando de vermelho os dias com registro de altura de chuva superior ao tempo de recorrência de 10 anos, de amarelo dias com chuvas entre TR5 e TR10 anos e verde os dias com chuvas entre TR2 e TR5 anos. A “cara” da identidade hidrológica já começa a fazer sentido, como pode ser visto na próxima figura, que mostra as duas matrizes, com os dias chuvosos e com os eventos intensos.

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Matrizes de cores para a Identidade Pluviométrica (Fonte: ANA)

Outra informação agregada ao sistema visual é referente ao total anual de chuva, que pode ser apresentado ou suprimido pelo usuário. A apresentação final fica da seguinte forma:

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Identidade Pluviométrica (Fonte: ANA)

Segundo o engenheiro Pessôa, diversas informações podem ser tiradas da simples observação dos gráficos em matrizes de cores, facilitando e agilizando o reconhecimento de padrões nos regimes pluviométricos de um local, como alterações nos padrões de ocorrência de chuvas intensas, indicando a existência de séries não estacionárias e prováveis efeitos consequentes de mudanças antrópicas ou naturais.

A apresentação das matrizes em um mapa georreferenciado possibilita, ainda, o reconhecimento de padrões regionais, assim como as mudanças graduais nos regimes hidrológicos nas transições entre as diferentes regiões brasileiras.

Podem também ser muitos úteis para seleção de períodos do histórico mais representativos para uso em cálculos estatísticos.

E outra grande vantagem dessa forma de avaliação é que ela já está disponível, 0800, para diversos postos do Brasil. Se tiver interesse, acesse aqui o Módulo – Identidade Pluviométrica do FRST.

Para saber mais da metodologia criada, leia o artigo Pluviometric ID: precipitation characteristics at a glance, publicado na Revista Atmospheric Science Letters.

Gostei da parada!

Abraços

 

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