In Recursos Hídricos

Foto de capa: Dan Shugar, publicada em nytimes.com

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Recentemente, uma amiga me mandou uma notícia de um caso de pirataria fluvial (do inglês river piracy ou river capture) no Canadá. A notícia descrevia como o rio Slims, um grande rio localizado no noroeste do Canadá e que recebia as águas da geleira Kaskawulsh, “sumiu” em poucos meses. O que aconteceu, segundo a notícia publicada no The New York Times (link) foi que o derretimento intenso da geleira Kaskawulsh durante a primavera de 2016 fez com que a água, que antes escoava para o norte e alimentava o rio Slims, se desviasse para o sul, aumentando o leito do rio Alsek, que desemboca no oceano pacífico. O rio Slims desaguava no lago Kluane e este no rio Yukon. Antes de ter suas águas desviadas por mudanças geomorfológicas, o rio Slims era um rio considerado grande, possuindo trechos com quase 150m de largura.

 

Mapa com a localização dos corpos d’água. (Google Earth)

Esse termo referindo-se ao “desaparecimento” de um rio foi uma novidade para mim. No entanto, a pirataria fluvial, ou captura fluvial, é um termo usado há algum tempo para descrever o fenômeno geomorfológico que ocorre quando um rio é desviado do seu próprio leito e passa a escoar no leito de um rio vizinho.

O artigo publicado na revista Nature Geoscience, descreve com detalhes a metodologia aplicada no estudo e como ocorreu esse caso de pirataria fluvial. Segundo Dan Shugar, principal pesquisador do caso e professor da Universidade de Washington – Tacoma, o ocorrido com o rio Slims é o primeiro caso conhecido de “pirataria fluvial” nos tempos modernos. Segundo o pesquisador, não se tem conhecimento de um caso de pirataria fluvial que tenha ocorrido em tão curto espaço de tempo. Esse fenômeno é comum em ambientes glaciais, mas geralmente é estudado em escalas de tempo quaternárias ou mais longas. Os pesquisadores atribuem o ocorrido às mudanças climáticas.

Imagem aérea do leito do rio Slims após o fenômeno de pirataria fluvial. Imagem de Dan Shugar publicada no nytimes.com

As principais causas de pirataria fluvial são:

  • Movimentos tectônicos, que podem provocar alterações na declividade do solo e consequentes mudanças no sentido do escoamento;
  • Represamento natural, que pode ser causado por deslizamento de terra ou acúmulo de gelo bloqueando o escoamento em determinado sentido;
  • Erosão;
  • Recuo de geleira.

Em outra oportunidade vamos abordar os impactos que esse fenômeno pode causar.

E aí, conte pra nós, você conhecia esse termo?

 

 

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