In Meio Ambiente, Políticas públicas

O governo brasileiro estima que existam cerca de cinco milhões de pessoas vivendo em áreas de risco em todo o país. Principalmente após o evento catastrófico de janeiro de 2011, na Serra Fluminense, parece que há uma maior atenção aos programas de redução de risco. Não é a toa que o governo está investindo bastante no Programa de Gestão de Risco e Resposta a Desastres.

Mas afinal, você sabe realmente o que é RISCO?

Evidentemente, para lidarmos com qualquer problema, precisamos conhecê-lo, para entendermos seu mecanismo e estudarmos quais soluções podem ser adotadas. Não é diferente com o risco de inundações, que gera muita confusão em um verdadeiro samba de definições.

Para encurtar nosso papo e não acabar escrevendo uma tese sobre o risco aqui, vamos partir direto para a definição que adotamos em nossas pesquisas: O risco é uma composição entre a probabilidade de ocorrência de um evento (perigo) e as perdas potenciais que esse evento poderá ocasionar, caso aconteça.

Então, o risco de inundações não está associado apenas à possibilidade de cair aquele “pé d’água”, ou mesmo à ocorrência de extravasamento de um rio qualquer. Para que seja caracterizado o risco, deve haver exposição ao perigo! Deu pra entender?

É simples se pensarmos em um grande evento de chuva em uma planície de baixada que não foi “invadida” pelos humanos…

Qual é o risco de inundação nesse caso?

E qual o risco de inundação, se essa mesma chuva cair nessa baixada aqui?

O evento de cheia irá acontecer, o perigo é o mesmo, mas no segundo caso o risco existe, pois há vulnerabilidade de pessoas frente a esse perigo. Agora deu pra entender direitinho, né!? Uma pesquisadora do Laboratório de Hidráulica Computacional da COPPE/UFRJ apresentou em sua dissertação de mestrado um esquema bem didático para explicar as diferentes componentes do risco:

Então, como fazer uma “gestão dos riscos de inundações”?

A probabilidade de ocorrência de uma chuva será imutável (desconsiderando os grandes ciclos naturais e uma possível mudança climática), ou seja, certamente vai chover muito algum dia. Para o controle de inundações, existem intervenções estruturais para que o perigo de enchente seja reduzido, com grandes obras de canalização, reservatórios, etc. Mesmo assim, sempre existirá a possibilidade de uma falha nessas estruturas.

Então, onde podemos trabalhar para reduzir o risco? Na redução das consequências do evento. Isso pode ser alcançado com diversas ações, principalmente, adotando medidas não estruturais, como o zoneamento de inundações e sistemas de alerta de cheias.

A ordem do dia para a redução dos riscos de desastres hoje é “aumentar a resiliência” das cidades.

Basicamente, resiliência pode ser compreendido como a capacidade de absorver e responder a eventuais impactos, com o menor prejuízo possível. No caso urbano, uma cidade resiliente é aquela que reconhece suas fraquezas e se prepara para responder às catástrofes.

Segundo o Ministério da Integração Nacional:

Uma cidade resiliente é aquela que tem a capacidade de resistir, absorver e se recuperar de forma eficiente dos efeitos de um desastre e de maneira organizada prevenir que vidas e bens sejam perdidos.”

A ONU fez um vídeo muito bacana sobre a importância do conhecimento do risco e como podemos tornar nossas cidades mais resilientes. Transcrevo um trecho, com tradução livre, que fecha muito bem nosso assunto de hoje:

 

Existem perigos naturais,

mas, a verdade é que não há nada de natural nos desastres.

Nós sabemos que não podemos impedir um perigo de acontecer,

Mas podemos evitar que ele se transforme em um desastre.

E podemos mitigar os impactos,

aprender sobre riscos,

juntar as pessoas,

rever nossas políticas

e tornar nossas comunidades resilientes…

Isso funciona, ACREDITE!”

 

Não deixem de assistir ao vídeo, é muito bom!

Abraços.

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